Taxas de juro BM pode cortar
Taxas de juro – A Decisão Final de Investimento (DFI) para a exploração de gás natural na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, agora anunciada pelo consórcio liderado pela petrolífera Anadarko, pode contribuir para a melhoria da disponibilidade de moeda externa no mercado doméstico e para a redução dos riscos de inflação.
Neste contexto, acreditamos que o Banco de Moçambique (BM) pode decidir retomar os cortes nas taxas de juro de política monetária, interrompidos em Dezembro de 2018, com efeitos positivos sobre o financiamento das empresas e sobre o rendimento disponível das famílias.
De acordo com o economista chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, em função do volume de entrada de fundos que resultam da DFI, “o Banco Central estaria confortado em fazer um corte na taxa de juro, dependendo da magnitude dos fundos que ficarão disponíveis no mercado moçambicano”.
Este seria, na sua opinião, um dos impactos imediatos com algum benefício para a economia moçambicana, ou seja, a melhoria das perspectivas de estabilidade macroeconómica, através da estabilização da moeda e da inflação.
“Se o Banco Central decidir efectuar os cortes na taxa de juro, significa que as taxas do sistema bancário poderão reduzir, permitindo o aumento do rendimento disponível das famílias e viabilizar pedidos de financiamento dos agentes económicos”, frisou o economista.
Entretanto, Fáusio Mussá foi cauteloso ao chamar à atenção para a necessidade de se proceder à melhor divulgação sobre o impacto da DFI, devido ao difícil momento que a economia moçambicana atravessa: “Alguns impactos podem ser imediatos e outros podem ocorrer num longo período de tempo”, indicou.
Outra importante vantagem que pode advir da DFI, conforme destacou, é a criação de maior confiança no mercado cambial sobre a oferta de divisas e sobre as perspectivas de evolução do câmbio, a curto prazo. O impacto sobre a geração de emprego pode ocorrer ao longo do período de construção das plataformas de liquefação do gás natural e após a construção.
“O impacto positivo sobre a actividade económica no geral só será relevante a partir do momento em que o País começar a exportar o gás natural, entre finais de 2023 e 2024. Aí poderemos ver uma aceleração do Produto Interno Bruto (PIB), acima do normal.
Para que o impacto macroeconómico se materialize, segundo sustentou o economista chefe do Standard Bank, é preciso que haja uma capacidade de absorção das oportunidades de negócio que os projectos do gás natural vão criar em Moçambique, o que depende do nível de preparação das empresas que operam em Moçambique para satisfazer a procura de bens e serviços pelas multinacionais.
“Esta preparação está a ocorrer a vários níveis no País, mas há ainda um longo caminho a percorrer, sendo que o Standard Bank criou uma Incubadora de Negócios que tem estado a apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME) para acederem às oportunidades”, enfatizou.
Num outro desenvolvimento, Fáusio Mussá referiu que do ponto de vista fiscal, quando o País começar a cobrar as receitas da exploração do gás, poderá obter excedentes, que o Estado poderá usar para alavancar sectores-chave da economia, como a agricultura e o turismo.
Importa realçar que o Standard Bank tem uma área especializada em Petróleo e Gás, que desde a descoberta destes recursos na bacia do Rovuma, em 2011, tem estado a acompanhar de perto e a definir a melhor forma de participar nos benefícios que podem ser gerados para a economia.
Com efeito, o Standard Bank realizou estudos macroeconómicos sobre o potencial da Área 4 do projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL e outro para a Anadarko sobre o impacto do projecto de GNL, na Área 1, que representa a bandeira de um dos maiores projectos do mundo.
FDS/R