Nyusi parte em falso

Nyusi – É muito comum no atletismo os atletas partirem do ponto de partida – pool position – antes do sinal e isso acontece por distração ou mesmo intencionalmente. Quando o mesmo atleta começa a correr antes do sinal e o faz por três vezes consecutivas, é castigado com a pena de desqualificação. Na política acontece a mesma coisa, os políticos do partido no poder fazem o mesmo, em particular, quando a legislação é permissível e as instituições de direito estão subjugadas pelo poder político.

A Procuradoria-Geral da República e o Conselho Constitucional fecham os olhos e fazem de conta que a lei não está sendo violada, deixam passar, mais uma vez, este atropelo à lei e, no fim, irão dizer que “as violações ocorridas em nada influenciaram o resultado final”. Dito isso, fecham os olhos, colocam a voz e proclamam o violador como o justo e incontestável vencedor de uma suposta eleição sem mácula nem nódoa a assinalar.

De facto, Filipe Nyusi, candidato do partido Frelimo às eleições presidenciais de 15 de Outubro próximo, aproveitando-se da sua qualidade de chefe de Estado, vem violando a lei, de maneira reiterada e sistemática, ao antecipar aos demais concorrentes, está a levar a cabo a sua campanha eleitoral e do seu partido ante o olhar sereno e impávido dos órgãos de Justiça e o impotente olhar dos partidos da Oposição que, também, se fazem de cegos. Não há dúvidas de que Filipe Nyusi está a violar a lei eleitoral que proíbe fazer campanha antes do tempo preconizado e os que lhe deviam pôr a mão em cima não o fazem por temerem perder o emprego e as mordomias de que se rodeiam.

Ao agir desse modo, Filipe Nyusi é fraudulento nato e anote-se que não é pela primeira que o candidato do partido Frelimo se mete em fraudes. Esteve metido até aos olhos nas dívidas inconstitucionais que derrubaram a economia nacional e jogaram o país na sarjeta, ainda que tivesse negado o seu envolvimento perante a equipa da anti-corrupção. Perante todas as evidências, só convenceu quem quis ser enganado.

Se estivermos atentos, podemos notar que Nyusi leva membros do seu partido que, quando apresentados ao público, em comícios, gritam de pulmões bem cheios “vivas ao seu glorioso…”.

Os nossos impostos servem para promover um partido que, ainda por cima, destruiu o nosso país? – Não. Somos todos cegos, estúpidos e parvos para não vermos que Nyusi está a violar a lei? Os partidos da Oposição precisam de fazer alguma coisa e não ficarem a assistir o espectáculo.

Precisam dizer a Nyusi e sua malta que o tempo de campanha ainda não começou e que estão sendo um oportunista, como tal, não garante o cumprimento da Constituição, como ficou provado quando das dívidas odiosas em que Nyusi participou e mais tarde veio a dizer que não as conhecia.

Quem se inscreve para participar de um jogo é porque concorda com as regras e normas estabelecidas. Vê no arbitro a sua imparcialidade, mas tudo indica que o STAE e a CNE jogam e, nestas eleições, voltarão a jogar favorecendo o partido no poder. A forma como o STAE levou acabo o censo eleitoral, não restam dúvidas sobre o papel nojento desempenhado por este órgão do governo do partido Frelimo.

A nossa previsão é de que, em Outubro que vem, teremos as eleições mais sujas na História do sistema multipartidário, no país. Só o facto de terem atribuído nove assentos ao círculo eleitoral de Gaza, onde o partido Frelimo fica com todos os assentos, sem nenhum motivo que o justifique, deixa a transparecer o desfecho destas eleições. Serão, seguramente, das mais fraudulentas que que se conhecem. Os partidos da Oposição e a Sociedade Civil devem aprender a agir e não se limitar a falar como se não houvesse instrumentos legais.

Vemos e assistimos Nyusi a sair, com a sua caravana, às províncias e distritos, a expensas de todos os moçambicanos, em campanha eleitoral antecipada. Em todas as saídas, Nyusi corta fita aqui e acolá, mas o fim último é fazer campanha eleitoral antecipada. Como a nossa Oposição é atípica, acha aquilo normal e deixa tudo andar conforme a vontade de Nyusi que tem os olhos postos no poder, para garantir a tranquilidade dos gatunos e bandidos.

O descaramento é de tal ordem que convidaram o Papa Francisco o visitar o país em tempo de campanha eleitoral para conferir alguma legitimidade aos gatunos da nossa terra. Seria aconselhável que os nossos bispos avisassem o Santo Padre que a sua vista a Moçambique, no tempo aprazado, é inapropriada porque poderia influenciar o voto que se pretende que seja isento.

A vinda do Papa Francisco, para Setembro, deixaria um largo sector de cristãos católicos divididos e, ao mesmo tempo, confundidos, por isso, a vinda do Papa ficaria bem depois da tomada de posse do governo pós-eleições.

Vamos parar a campanha antecipada de Filipe Nyusi!

EDWIN HOUNNOU

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 04 de Julho de 2019, na rubrica semanal denominada MIRADOURO

Caso esteja interessado em passar a receber o PDF do Correio da manhã favor ligar para 21 305323 ou 21305326 ou 844101414 ou envie e-mail para correiodamanha@tvcabo.co.mz

Também pode optar por pedir a edição do seu interesse através de uma mensagem via WhatsApp (84 3085360), enviando, primeiro, por mPesa, para esse mesmo número, 50 meticais.

Gratos pela preferência

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *