Polícia foge de criminosos

Polícia foge de criminosos na África do Sul – O músico e ex-deputado moçambicano, Roberto Chitsonzo, tem uma música em língua xangana ou rhonga que diz mais ou menos o seguinte “maphoyisa ma tsutsuma a makhambapolícia foge de ladrõesdokodela a tsutsuma ava bagwemédico foge de doentes”.

É uma música antiga que descreve o comportamento menos profissional de agentes investidos de autoridade para manter a lei e ordem e para velar pela saúde de efémeros na sociedade.

Se calhar o músico, por sinal meu antigo professor de educação física no início da década de 1980, nunca tinha visto na prática o que a letra da sua música diz.

Aconteceu semana passada. Contingente policial armado e bem equipado para combate ao crime fugiu de criminosos munidos de pedras e garrafas vazias no centro da cidade de Joanesburgo durante operação para desmantelar redes de vendedores de produtos contrafeitos na Jeppe Street.

A ordem e a segurança públicas foram literalmente abandonadas na estrada em plena luz do dia.

O comportamento menos profissional de agentes da Polícia é o espelho da degradação acelerada dos valores morais colectivos na sociedade sul-africana.

A maior potência industrial e militar do continente africano está em derrapagem. A elite dirigente passa mais tempo a digladiar-se através da comunicação social.

A procuração para governação passada nas eleições municipais de 2016 e gerais de Maio último é usada somente para pagar a factura de mordomias de um punhado enquanto a qualidade de vida da maioria está em queda vertiginosa.

Sem alternativa, o povo vira-se contra imigrantes, elo mais fraco, acusando-lhes de serem obreiros da sua desgraça caracterizada pelo desemprego de 29 por cento e do crime violento que mata 57 pessoas em média por dia.

Para alguns comentadores públicos, a falta de acção da Polícia é culpa de organizações de direitos humanos e da democracia sul-africana em marcha que defendem criminosos e crucificam agentes da lei e ordem no exercício das suas funções.

A África do Sul confirma a sua localização geográfica no continente africano cuja marca emblemática é caracterizada por mau desempenho generalizado de instituições públicas, pobreza e arrogância da classe dirigente.

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 31 de Julho de 2019, na rubrica semanal denominada O RANCOR DO POBRE

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