Vingança da polícia em JHB
Vingança – Cerca de 600 pessoas (eram 560, até ao fecho da presente edição) supostamente estrangeiros ilegais haviam sido detidas em Joanesburgo durante uma alegada operação policial de combate à venda de produtos contrafeitos em algumas lojas da cidade.
Durante a operação foi descoberto um esconderijo de armas de guerra, incluindo as famosas espingardas de assalto de fabrico russo, AK-47, numa loja, e noutras havia várias toneladas de roupa e sapatos de marcas adulteradas.
O dono das armas disse que tem uma empresa de segurança privada, mas a Polícia não acredita e levou todo o armamento bélico para testes balísticos visando determinar se podem ter ligação com crimes.
A incursão policial aconteceu uma semana depois de uma outra fracassada tentativa de desmantelar focos de venda descarada de produtos contrafeitos, uma actividade em franca proliferação em muitos pontos, incluindo lojas de vestuário e calçado, em Joanesburgo em particular e na África do Sul em geral.
Da operação resultou ainda na detenção de 560 estrangeiros por falta de documentos de identificação.
Ao que o Correio da manhã apurou em Joanesburgo, todos eles foram levados para diversas esquadras da polícia para triagem e verificação do seu estatuto.
Desconhece-se entre os detidos há ou não indivíduos de nacionalidade moçambicana, mas os estragos estão a afectar alguns concidadãos naturais da chamada “pérola do Índico”.
Na fracassada operação de há uma semana, vários agentes da polícia foram atacados e alguns feridos de forma humilhante por vendedores armados com pedras e garrafas vazias e retiraram-se em debanda.
Para além do ferimento de alguns agentes da polícia, quatro carros blindados da corporação incumbida de impor e manter a lei & ordem foram danificados durante os confrontos nas ruas da capital comercial da África do Sul.
Imagens dos ataques e da retirada dos agentes da Polícia que circularam nas redes sociais provocaram coro de condenação dos atacantes por muitos sul-africanos, sobretudo porque depois o porta-voz dos agentes da lei e ordem disse que os atacantes eram estrangeiros, atiçando comentários de repulsa contra imigrantes na África do Sul.
Entretanto, nesta quarta-feira a Polícia voltou com reforço de efectivos fortemente armados, vedaram vários quarteirões do centro da “cidade de ouro”. Na sequência da investida, novos confrontos se activaram, com estragos, perseguições e detenções à mistura.
Algumas lojas estavam fechadas, mas, consubstanciando o espírito de vingança da operação, a Polícia arrombou portões e retirou muitas caixas e embalagens de roupa e sapatos contrafeitos.
A área onde decorreu a vasculha policial por muitos tida como sendo de vingança, é basicamente dominada por vendedores somalis é de origem asiática.
O ministério sul-africano da indústria e comércio estima em 350 milhões de randes o dinheiro que o pais perdeu nos últimos três meses por causa da venda de produtos contrafeitos vindos de fora e outros produzidos localmente.
Importa referir que uma moçambicana está a cumprir pena de prisão de oito anos numa cadeia na região de KwaZulu-Natal na sequência da sua detenção com camião de sapatilhas, chinelos e sandálias contrafeitos.
Entretanto, nove agentes da polícia envolvidos na operação foram detidos por terem sido surpreendidos por colegas honestos a tentar vender alguns dos bens apreendidos e de fornecer informações privilegiadas sobre a operação a alguns vendedores informais, parte dos objetivos da operação.
A confusão é tal que alguns turistas, incluindo moçambicanos, são surpreendidos no meio da confusão e alguns dos seus bens, incluindo viaturas, vandalizados.
THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL