Contar das espingardas

Contar das espingardas: Tudo indica que se está na fase do contar das espingardas

A avaliar pelo curso dos acontecimentos, apimentados pelos discursos, tudo indica que, lamentavelmente, Moçambique, de novo, entrou na fase do contar das espingardas e munições, se não mesmo no reactivar das hostilidades militares.

No mesmo dia em que em Maputo a RENAMO concedia uma conferência de imprensa, na sua sede nacional, acusando o partido Frelimo de ter reactivado os tristemente célebres “esquadrões de morte” à escala nacional, no Centro de Moçambique era reportada mais uma incursão armada desencadeada contra um autocarro de passageiros que fazia o percurso Sul/Norte, concretamente na região de Gorongosa.

Sem rodeios, o partido RENAMO, o segundo maior de Moçambique, acusa o governamental Frelimo de estar a violar “o espírito e a letra do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado no dia 06 de Agosto do presente ano” e de “reactivar os esquadrões de morte”.

Por seu turno, o Governo, por via da Polícia da República de Moçambique (PRM), diz que a RENAMO praticamente já rasgou e pisou o Acordo de Paz Definitiva ao protagonizar ataques armados na região centro do país.

Tanto o partido Frelimo como a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) rejeitam as acusações feitas pela contraparte, deixando desorientado quem está no meio deste “fogo cruzado” destes dois partidos com um histórico militar sinistro.

José Manteigas, porta-voz oficial da Renamo, foi peremptório na conferência de imprensa desta terça-feira em Maputo nas acusações feitas às forças de defesa e segurança, que, alegadamente, estão a executar “detenções ilegais de membros da Renamo e tentativas de sequestro de tantos outros”.

Os casos, de acordo com Manteigas, registaram-se nas províncias de Sofala, Manica, Zambézia e Tete, Centro do país, entre os dias 16 de Outubro e 11 de Novembro.

“O cenário que aqui apresentamos é simplesmente uma pequena amostra do que está a acontecer depois do dia 15 de Outubro”, afirmou o porta-voz da Renamo, referindo-se às eleições gerais e provinciais que oficiosamente deram a vitória folgada ao partido dos “camaradas” que governam Moçambique desde que este se tornou independente de Portugal em Junho de 1975.

José Manteigas afirmou que, como Presidente da República e Comandante em Chefe das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi “sabe o que está a acontecer no terreno”.

Manteigas assinalou que, nos últimos anos, vários membros da Renamo foram assassinados por alegados esquadrões de morte.

Por outro lado, o porta-voz da Renamo acusou o Governo dirigido pelo partido Frelimo de não estar a agir no sentido de travar o “extermínio da população” da província de Cabo Delgado, Norte do país, numa alusão aos ataques armados por grupos desconhecidos.

José Manteigas respondeu apenas a questões relacionadas com a denúncia que fez esta terça-feira, recusando tratar de outros assuntos.

Relativamente ao ataque contra autocarro de passageiros que fazia o percurso entre Maputo (extremo sul) e Niassa (extremo norte), por volta das cinco horas desta terça-feira, a aproximadamente 40 quilómetros de Gorongosa, não há registo mortos, mas segundo o motorista do veículo, três pessoas que nela seguiam contraíram ferimentos causados pelas balas que atingiram a viatura.

Caifadini Manasse, porta-voz oficial do partido Frelimo, é resoluto no seu comentário às declarações da “perdiz”, apelando para a RENAMO “se reorganizar” e advertindo que os “libertadores” não permitirão “nenhuma acção tendente a retardar o desenvolvimento de Moçambique”.

 (Correio da manhã de Moçambique)

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