Libertadores penalizados

Que o Congresso Nacional Africano (ANC) domina(va) a política sul-africana é um facto, mas os resultados das eleições locais de quarta-feira da semana passada mostram claramente que o partido que libertou milhões do sistema de apartheid viu um hirto “manguito” exibido pelos libertados, entretanto fartos de alguma arrogância, práticas corruptas e prepotência à mistura, por parte dos libertadores.

Numa das grandes batalhas políticas do ANC sem a presença física do lendário Nelson Rolihlahlha Mandela (Madiba), o partido hoje presidido pelo polémico Jacob  Gedleyihlekisa  Zuma, de 74 anos de idade,  perdeu algum do seu fulgor e vai ficar pela primeira vez abaixo da barreira dos 60%, perdendo ainda alguns bastiões importantes para a Aliança Democrática (AD), outrora tido como “partido dos brancos”, mas hoje presidido pelo jovem negro Mmusi Maimane (36 anos de idade).

Este resultado – o ANC perdeu, inclusive, na terra natal do Presidente Zuma (Nkandla), para o histórico, mas fraquinho IFP (Inkatha Freedom Part) [Partido de Liberdade Inkhata], do idoso Mangosutho “Gatsha” Buthlelezi (88 anos de idade) – põe em causa o actual incumbente na Presidência da República da África do Sul, fragilizado pela situação económica do país e por vários escândalos multifacetados.

Quem também não tem muitos motivos para celebrar é o novel Partido Combatente para a Liberdade Económica (EFF – Economic Freedom Figthers) do jovem Julius Sello Malema (35 anos de idade), mesmo sendo a sua primeira experiência. Seguidores do panorama político sul-africano esperavam mais. Ainda assim foi um bom começo para um partido estreante.

Analistas dizem que o resultado obtido pelo ANC neste pleito poderá marcar o fim do regime do partido exageradamente dominador,  depois do fim do apartheid.

Que os resultados no país vizinho sirvam de lição não apenas para o ANC, mas também para outros libertadores dos países da região austral de África que, alguns deles, de forma desmiolada volta e meia fazem juras de que “arrancaram” vitórias e/ou de que governarão os povos que libertaram “por mais 50 anos”, sabido que o fazem há décadas…

 

 

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