Africanos e britânicos
Africanos – O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, participa entre este domingo e terça-feira, em Londres, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, na Cimeira de Investimento Reino Unido-África.
Esta é a primeira deslocação oficial ao estrangeiro depois de Nyusi ter sido empossado para um segundo mandato presidencial no passado dia 15 de Janeiro deste 2020.
A participação do Chefe do Estado nesta que é a primeira Cimeira entre os líderes africanos e o Reino Unido, surge em resposta ao convite formulado pelo Primeiro-Ministro Boris Johnson, e contará com quatro temas que correspondem às prioridades na cooperação entre os países africanos e o Reino Unido, designadamente: Financiamento Sustentável e Infra-estruturas; Comércio e Investimento;Oportunidades de Crescimento em África; e, Transformação com Energias Limpas.
Durante a sua estadia naquele país, para além de intervir no terceiro tema, inerente às Oportunidades de Crescimento em África, o Chefe do Estado irá presidir uma Mesa Redonda exclusivamente sobre Moçambique, em conjunto com o Ministro de Estado para África e para o Departamento de Desenvolvimento Internacional, Andrew Stephenson, em representação do Governo britânico, que tem como objectivo promover oportunidades no sector da Agricultura e respectiva cadeia de valor com o advento do Gás Natural Liquefeito em Moçambique, e que contará com a moderação do Chanceler do Tesouro de Sua Majestade a Rainha Isabel II, Sajid David.
À margem da participação na Cimeira, o Presidente Nyusi irá manter encontros institucionais bilaterais com entidades do Governo britânico, nomeadamente, o Ministro para o Investimento, Graham Stuart; Sua Alteza Real o Príncipe Harry, Duque de Sussex; a Ministra do Estado das Forças Armadas, Anne-Marie Trevelyan, assim como o Secretário de Estado para o Desenvolvimento Internacional, Alok Sharma, para além do Primeiro-Ministro das Maurícias, Pravind Kumar Jugnauth.
Nesta deslocação ao Reino Unido, o Presidente da República faz-se acompanhar por membros do Governo; Alto-comissário da República de Moçambique no Reino Unido; quadros da Presidência da República e de outras instituições do Estado.
Sabe-se que o Primeiro-Ministro britânico, Boris Johnson, quer aproveitar as oportunidades económicas que o continente africano oferece, numa altura que está já a preparar o pós-Brexit.
Para além de Nyusi, em representação da África do Sul está Cyril Ramaphosa; do Egipto, Abdel Fattah el-Sisi; do Malawi, Peter Mutharika; da Nigéria, Muhammadu Buhari; do Ghana, Nana Akufo-Addo, e o primeiro-ministro das Ilhas Maurícias, Pravind Jugnauth, são algumas das presenças confirmadas.
O Correio da manhã sabe que o Presidente de Angola, João Lourenço, cancelou a participação, enviando uma delegação chefiada pelo ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior.
O Zimbabwe não terá sido convidado.
A cimeira pretende mostrar exemplos das mais de duas mil empresas britânicas a operar em África, cujo investimento é estimado em 36 mil milhões de libras para promover mais oportunidades e parcerias.
O Governo britânico quer fazer do Reino Unido o maior investidor estrangeiro em África até 2022 entre os membros do G7, que inclui, também, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e EUA.
Segundo a consultora Capital Economics, isto implicaria inverter a tendência de recuo do investimento directo no continente, que caiu 23% entre 2013 e 2017, colocando o Reino Unido abaixo dos EUA, além da China e da União Europeia a 27.
A mesma consultora refere que o Governo britânico precisa de preserver os laços existentes, pois a maior parte do comércio do Reino Unido com África é governada por acordos intermediados pela União Europeia, que vão deixar de se aplicar no final deste ano devido ao ‘Brexit’.
A Cimeira “deve server como trampolim, não apenas para maiores investimentos na África, mas para o início de um relacionamento sério com os principais Governos africanos”, escreveu o director de Comunicação Matt Gillow, no ‘site’ do instituto British Foreign Policy Group.
Nos primeiros oito anos da década passada, vincou, dirigentes chineses fizeram 79 visitas a África, o Presidente francês, Emmanuel Macron, viajou pessoalmente até ao continente nove vezes desde que entrou em funções, em 2017, e o homólogo russo, Vladimir Putin, realizou a cimeira Rússia-África, em 2019, atraindo mais de 59 líderes africanos.
“Tudo isto torna a Cimeira de Investimento Reino Unido-África de amanhã ainda mais importante. É absolutamente essencial que o Reino Unido pós-Brexit desempenhe um papel importante de investimento em África”, acrescenta Gillow.
A cimeira culmina com uma recepção, no Palácio de Buckingham, pelo Príncipe
William e a mulher, Catherine, em nome da Rainha Isabel II.
(Correio da manhã de Moçambique)