Coronavírus: Efeitos em Moz
Coronavírus: Começam a ser reportados efeitos do coronavírus na economia moçambicana, com os importadores tidos como informais, uma espécie de “mukheristas de luxo”, que tem na China como fonte dos bens que revendem em Moçambique.
Alguns deles, que aceitaram falar para o Correio da manhã em Maputo na condição de não serem nomeadas, referiram que os constrangimentos se prendem na impossibilidade de puderem se deslocar à China para desembaraçar os contentores de mercadorias, enquanto os que já lá estão se encontram impedidos de regressar a Moçambique, na esteira das medidas de precaução adoptadas pelos chineses.
Nos últimos anos, muitos moçambicanos, em bom rigor muitas moçambicanas, trocaram a vizinha República da África do Sul e o Reino de eSwatini como pontos de aquisição de mercadorias para revenda em Moçambique pela distante China, por causa dos preços extremamente atractivos praticados nesta praça, quando comparados com os mercados dos dois países limítrofes.
Com residência estabelecida conhecida existem na China 475 moçambicanos, maior parte deles estudantes, 30 dos quais em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), epicentro do coronavírus, de acordo com fonte da Embaixada de Moçambique em Beijing/Pequim.
Desde esta terça-feira que os Governos de Maputo e de Beijing/Pequim decidiram suspender a emissão de vistos de e para Moçambique/China, por tempo indeterminado.
Ainda de acordo com a fonte da missão diplomática moçambicana na China, “nenhum estudante apresentou (ainda) problemas relacionados com infecções do coronavírus”.
Maria Gustava (Cm N° 5644, pág. 4), embaixadora de Moçambique na China, foi esta semana citada pela TVM a dizer que “alguns pais manifestam interesse de retirar daquele local os seus filhos”, mas tal é actualmente impossível porque aquela divisão territorial chinesa está literalmente de quarentena (ninguém sai nem entra nela), situação que afecta 56 milhões de pessoas.
Até ao fim da tarde desta terça-feira a China havia elevado para 131 mortos e mais de 4.000 infectados o balanço do novo coronavírus detectado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro) e que se propagou até à capital chinesa.
As autoridades de Pequim confirmaram a primeira morte na capital chinesa de uma pessoa infectada pelo novo coronavírus (2019-nCoV), um homem de 50 anos que esteve na cidade de Wuhan, em 08 de Janeiro.
Coronavírus se “internacionalizando”
A doença rapidamente se propagou para outras regiões do mundo e um primeiro caso confirmado de contaminação com este vírus foi registado na Alemanha esta segunda-feira, o segundo país afectado da Europa, depois de França.
Além do território continental da China, também foram reportados casos de infecção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, França, Alemanha, Austrália e Canadá.
As autoridades chinesas admitiram que a capacidade de propagação do vírus se reforçou.
As pessoas infectadas podem transmitir a doença durante o período de incubação, que demora entre um dia e duas semanas, sem que o vírus seja detectado.
O Governo chinês decidiu prolongar o período de férias do Ano Novo Lunar, que deveria terminar esta quinta-feira (30Jan2020), para tentar limitar a movimentação da população.
Alguns países, como Estados Unidos, Japão, França, Alemanha e Portugal, estão a preparar com as autoridades chinesas a retirada dos seus cidadãos de Wuhan, onde também se encontram três dezenas de moçambicanos e angolanos, em número de cinquenta, que já clamam pelo seu resgate.
Vacina na forja
Entretanto, citada pela agência estatal de notícias Xinhua, uma equipa chinesa que trabalha no desenvolvimento de uma vacina para combater o coronavírus de Wuhan disse esta terça-feira que espera poder começar os testes em menos de 40 dias.
No projecto da vacina, anunciado há apenas dois dias, participam o Hospital Oriental de Xangai – ligado à Universidade Tongji – e a empresa de biotecnologia da cidade Stemirna Therapeutics.
Li Hangwen, conselheiro delegado da empresa, disse que não serão necessários mais de 40 dias para fabricar as amostras da vacina, que serão então enviadas para realizar os testes nos centros médicos, mas não indicou uma data para a sua chegada ao mercado.
A farmacêutica norte-americana Johnson& Johnson também começou a desenvolver uma vacina, embora os prazos indicados pelo chefe da sua equipa científica, Paul Stoffels, sejam bastante menos optimistas.
Stoffels referiu que poderá ser necessário um ano para o produto chegar ao mercado.
(Correio da manhã de Moçambique)