Comerciantes informais
Comerciantes informais que exercem as suas actividades na baixa da cidade de Maputo amotinaram-se hoje em protesto contra a medida que os obriga a abandonarem as ruas e a polícia usou gás lacrimogéneo e balas de borracha para acalmar o ambiente.
O motim dos comerciantes informais começou logo nas primeiras horas do dia, quando as autoridades moçambicanas tomaram a avenida Guerra Popular, uma das mais frequentadas de Maputo, para garantir o cumprimento de uma medida estabelecida pelo Conselho Autárquico, exigindo a retirada de todos vendedores nos passeios da cidade.
“Nós sustentamos os nossos filhos a partir deste trabalho. Dependemos da rua para viver”, argumentou, por exemplo, Nelson Jaime, que diz vender na rua na baixa da cidade de Maputo há mais de 10 anos.
Empunhando cartazes com mensagens de repúdio à medida imposta pelo município, os manifestantes colocaram barricadas nas estradas e queimaram pneus, tendo a polícia respondido, em alguns momentos, com violência, disparando balas de borracha e usando gás lacrimogéneo.
“Eu não trabalho e tenho uma filha. Levaram minha mercadoria e agora o que eu pergunto é para onde vou e o que vou comer”, questiona Augusto Abreu, um dos comerciantes informais que trabalha há dois anos naquele ponto.
O motim durou quase toda a manhã, a polícia assumiu o controlo do local e os manifestantes saíram.
Houve registo de pessoas feridas e outras detidas em número ainda desconhecido, tendo o tráfico sido interrompido na avenida e as lojas encerradas devido a agitação.
Durante semanas o Conselho Autárquico difundiu mensagens áudio e vídeo em diversos meios estipulando o dia 12 de Março como data limite para os comerciantes informais desocupar os passeios, alerta que não foi acatado, acabando por precipitar a violência hoje assistida.
“Desde o ano passado, a edilidade tem vindo a sensibilizar este grupo, através de campanhas de educação cívica para abandonarem os locais impróprios, desde passeios, estradas, murros na cidade de Maputo”, lê-se numa comunicação publicada na página de internet Conselho Autárquico de Maputo, que acrescenta que há mais de 4.700 bancas disponíveis nos mercados para este grupo.
(Correio da manhã de Moçambique)