Riscos e riqueza na RSA

Riscos – Três mil e quinhentas pessoas, cerca de 0.01 por cento da população sul-africana (ver manchete desta edição), detêm 15 por cento da riqueza no país mais industrializado no continente africano.

Um estudo recente apresentado na primeira semana deste mês de Março na universidade do Cabo mostra que o topo 10 por cento, representando 3.5 milhões de pessoas controlam 86 por cento da riqueza total do país e os últimos 90 por cento (31.8 milhões de pessoas) controlam 14 por cento da riqueza.

O estudo não fala do método da acumulação da riqueza pela minoria. Apenas considera que a África do Sul é a sociedade mais desigual do Mundo e que a situação herdada do regime racista minoritário branco do apartheid em 1994 não mudou nos últimos 26 anos da democracia multirracial.

O estudo não indica taxativamente quem são os referidos ricos e nem o grupo racial a que pertence, mas alguns são conhecidos publicamente

O governo do apartheid tinha institucionalizado a superioridade racial dos brancos no país de maioria negra.

A terra e os negócios de recursos minerais (ouro, diamantes e outros) eram reservados a minoria branca.

A partir de 1994 o governo democraticamente eleito institucionalizou a descriminação positiva a favor da maioria negra.

Um punhado de gente conectada com a elite política acumulou riqueza e outros envolveram-se em esquemas de corrupção através de concursos multimilionários nas empresas públicas.

A maioria pobre chora todos os dias porque a pobreza aumenta exponencialmente a olhos vistos e dirigentes políticos insistem na narrativa do legado do apartheid que desgraçou gerações e gerações de sul-africanos negros.

Mas a imprensa vai reportando montanhas de escândalos financeiros que dominaram o consulado de Jacob Zuma.

A África do Sul está a sucumbir. É um elefante ou embondeiro oco carcomido internamente que poderá tomar a qualquer momento.

Externamente, sinais de trevas prolongadas são visíveis a olho nu.

O apartheid foi crime contra humanidade declarado pelas Nações Unidas. A corrupção é crime económico-financeiro contra a sociedade.

A diferença entre uma e outra coisa é o tempo em que cada crime ocorre ou ocorreu na África do Sul. As vítimas são as mesmas – maioria pobre negra.

A corrupção no regime do apartheid pouco afectou a maioria excluída da riqueza nacional.

Hoje, protagonistas da corrupção são alguns libertadores que roubam do mesmo povo que libertaram do regime racista.

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 11 de Março de 2020, na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE

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