Mais seriedade!

Mais seriedade! – Mais de cem países e regiões tem seus cidadãos infectados com o corona vírus, em número que se aproxima aos 130 mil, doença que já matou mais de 4.600 almas e afecta milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo Moçambique.

Há três longos meses que a República Popular da China, uma das grandes potências mundiais em todos os aspectos, anda em apuros, e graças à disciplina prevalecente naquele país se está a sair do sufoco.

A seriedade e rigor no gigante asiático concorreu para que se isolassem com êxito quase 60 milhões de pessoas (quase o dobro da população total de Moçambique) de uma única província (com 15 cidades) – Hubei, epicentro do drama que apenas esta quarta a Organização Mundial de Saúde (OMS) finalmente a elevou à categoria de pandemia.

As autoridades chinesas estão a aplicar o seu saber até à exaustão para conter e combater o Covid-19, ao ponto de ter criado e impor uma aplicação para telemóvel que fornece a cada habitante da província de Hubei um código QR – código de barras bidimensional – colorido, que representa o estado de saúde do usuário, que varia de “verde”, “amarelo” e “vermelho”.

Duvido seriamente da aplicabilidade de uma medida similar neste nosso “independente” e “democrático” Moçambique, onde até para fazer teste na fronteira é “para quem aceita” e quando o “quadro da saúde” tiver concluído o seu “chat” no telemóvel!

A vizinha República da África do Sul, outro gigante multifacetado a nível do nosso continente, já caminha para as duas dezenas de infectados e os relatos é de medidas severas para controlar a situação.

No vizinho Zimbabwe fala-se de uma autêntica “caça-ao-homem”, tudo porque alguém suspeito de ter travado contacto com potenciais infectados se recusou a fazer testes e fugiu de uma clínica.

Em muitos países foram ou estão a ser suspensos eventos públicos, incluindo aulas e aglomerações em estádios, o mesmo sucedendo com programas de massas (com público em estúdio) de tv e alguns actos religiosos colectivos, incluindo procissões, por ocasião desta Quaresma.

Toda a Itália está de quarentena até três de Abril.

Todavia, no meio de tanto drama há, no mínimo, um dado animador: até agora, o coronavírus tem poupado as crianças. No mundo, não há casos de morte de zero aos

10 anos de idade. Há crianças infectadas, mas que têm manifestado a doença de forma muito ligeira. Porquê? Não se sabe.

Nós, por cá, felizes e alegres, naquele nosso velho laxismo aliado aos nossos brandos costumes, continuamos a permitir movimentos de pessoas nas nossas fronteiras como se nada se estivesse a acontecer de grave por este mundo afora, talvez à espera para começar a “cerrar fileiras” depois da notícia sobre o primeiro infectado, que não se sabe bem como será detectado, com tanto relaxamento.

Acho simplesmente teatral a maioria dos esforços até agora desencadeados para lidar com o Covid-19 em Moçambique. Me parece pouco séria aquela de que basta usar máscara e não apertar a mão ao outro, se dados de entendidos dizem que o vírus é transmissível “via aéreas” mesmo a uma distância de entre três a quatro metros.

Julgo que devia haver mais seriedade no enfrentamento ao Covid-19 antes que seja tarde, porque ante uma enfermidade que ainda não tem cura, a prevenção se mostra a melhor, senão a única forma de lidar com ela, sob o risco se morrermos como frangos numa capoeira em Verão severo.

Se aqui em Boane, na província de Maputo, num posto médico, os agentes sanitários simplesmente dizem a quem para lá se dirige, aflito, com gripe, que NÃO TEMOS CONDIÇÕES PARA AVALIAR SE ISSO É CORONAVIRUS, imagine, caro leitor, o que se estará a passar, hipoteticamente, em Namanjavira, no interior da Zambézia. E anda se por aí algumas excelências a proclamar de boca cheia que O PAÍS ESTÁ PREPARADO PARA LIDAR COM O Covid-19.

Talvez deixar de se fazer tudo “mais para as câmeras de media” e se focar nos objetivos/resultados concretos.

Só espero que os mais “patriotas” não me rotulem de pessimista ou alarmista.

Mais seriedade!

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 13 de Março de 2020, na rubrica semanal TIKU 15!

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