Afinal quem “manda”?

Afinal – Em plena manhã, precisamente a hora 8:40 minutos, quando me deslocava a casa de um amigo, quem tinha algo meu por devolver. Sentado no assento da frente, tendo sido um dos passageiros que mais cedo tivera chegado, me sentia privilegiado.

Ao alto som da viatura, como hábito, com vista a encantar os passageiros, “patrão é patrão” música do conhecido jovem Mc Roger, ofuscava os ouvidos de todos nós.

Pedia que baixasse pouco o volume, sob risco de não perceber quando o seu ajudante anunciar alguma paragem, disse ao motorista.

Olhou para mim, com ar de arrogância, mas o fez!

Só foi bom a minha intervenção para com ele, a conversa de lá de trás era interessante, mais mulheres que homens, pareciam não ter destino, ou seja, que fossemos todos num só lugar. O tempo passava, não me apercebia, pelo bom ambiente, lembrei, no entanto, que tinha que ligar para o fulano devedor, a pessoa com quem ia ter. Assim o fiz.

Incomunicável estava, reparo no meu terminal e vejo uma mensagem que dizia: “amigo tive uma saída de emergência, espere que no meu regresso o ligue”. Huff, sem jeito fiquei, mas tive que me conter.

Para não parecer proprietário da viatura, mesmo com a conversa a fluir, pedi ao motorista que me deixasse numa determinada paragem fora da que eu pretendia. E assim o fez!

Dez, quinze, vinte, trinta minutos fui ali ficando e nada de novo surgia. Passou um determinado chapa, dos mais modernos, encostou logo à paragem, e zás, entrei todo alegre, naquele verão nada mais que um belo ar condicionado ligado.

Cobrador de mangas cavas, a que usava para limpar suor e a cheiro natural, dois passageiros em pé e as axilas na cabeça dos que estavam sentados, triste e mal-humorado fiquei, olhei para os lados e coragem me apareceu na hora, gritei para o motorista pedindo para que desligasse o AC e abrisse os vidros. Do seu retrovisor deu uma olhada que bem o encarrei…

Só quero ver a paisagem, assim o disse para ele não pensar alto ou mal de mim.

 Fedia o carro todo, mas alguma diferença, no entanto se fazia sentir: – cobrador me estás a gotejar com seu suor, seria essa uma voz activa de um dos passageiros. – É para eu fazer o quê?

Questionou o cobrador, se quiser desce, rematou mais uma vez com total firmeza, todo trombudo e ignorante.

Apenas o disse que me estavas a pôr suor, pelo que saiba ainda não cheguei na minha paragem, respondeu a moça na sua sinceridade.

Coitada dela, falei no meu íntimo, justamente naquele sábado ia ao lobolo da sua melhor amiga, maquiagem desfeita, suada, trajada de branco como se estivesse no seu casamento, cobriu-se de fúria e manteve-se calma.

Já na sua paragem, levanta com precisão e seu vestido engatou-se numa das pontas da cadeira, aí surgiu mais um furor, dela senti pena e me despus a ajudar, mas olhei para mim que também nada tinha, não me faltou palavra: “tens capulana”? A moça olhou para mim como quem dissesse o que queres de mim! Notei que nem isso tinha.

Fica uma lição caríssimas irmãs, ao levarem grandes bolsas à rua ou mesmo passeio, dependendo da sua necessidade evitem colocar apenas instrumento de beleza, esquecendo dos que poderão lhe ser útil, uma vez não saber o que os pode suceder, tal como “quedou o pano” da pequena “Belita”.

Aos cobradores e motoristas dos transportes públicos e privados que se desliguem da ignorância para com seus passageiros, que estes são a razão do seu ganha-pão, por mais pesado que seja, usem a simplicidade que buscam ao convencer para subir no seu autocarro.

CÉSAR NHALIGINGA

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 13 de Agosto de 2020, na rubrica semanal DE OLHO EM TI

 Caso esteja interessado em passar a receber o PDF do Correio da manhã favor ligar para 21 305323 ou 21305326 ou 844101414 ou envie e-mail para correiodamanha@tvcabo.co.mz 

Também pode optar por pedir a edição do seu interesse através de uma mensagem via WhatsApp (84 3085360), enviando, primeiro, por mPesa, para esse mesmo número, 50 meticais ou pagando pelo paypal associado ao refinaldo@gmail.com.

Gratos pela preferência

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *