Intolerância racial e política
Intolerância – A cadeia farmacêutica sul-africana Clicks está em apuros, com a ameaça do partido dos Combatentes pela Liberdade Económica (EFF – sigla em língua inglesa, que quer dizer Economic Freedom Fighters) de perturbar o negócio da franchise durante cinco dias em toda a África do Sul.
O EFF protesta contra um vídeo publicitário de produto de tratamento de cabelos da Uniliver da marca TRESemmé que apareceu no site da Clicks mostrando que cabelos de mulher negra eram secos, partidos, frisados e murchos em relação aos de mulher branca que são coloridos tratados, bons, lisos ou normais.
Para o EFF, o vídeo é racista e procura inferiorizar mulheres negras perante mulheres brancas, facto que o partido não tolera.
O partido exige encerramento das lojas da Clicks por cinco dias ou então demissão de todos os responsáveis pela produção e exibição do vídeo publicitário no site da Clicks.
Membros ou simpatizantes do EFF vandalizaram na segunda-feira desta semana 37 lojas de um total de 880 estabelecimentos comerciais da cadeia farmacêutica.
O EFF, terceiro maior partido no cenário político sul-africano, depois do African National Congress (ANC) e da Democratic Alliance (DA), tem se mostrado menos tolerante para com aquilo que considera sinais de racismo contra negros. O assunto de racismo não foi totalmente resolvido com a queda do regime minoritário branco do apartheid em 1994.
Nos últimos tempos têm aparecido casos de manifestação de racismo contra negros. A intolerância racial volta a ganhar espaço, apesar do esforço de repressão judicial de práticas raciais.
Dois homens brancos foram condenados a penas de prisão depois da um vídeo ter vazado para redes sociais mostrando a dupla a meter um jovem negro vivo num caixão, por alegadamente ter atravessado pelo campo agrícola dos dois brancos.
Durante a vigência do apartheid, havia zonas para brancos e outras para negros na África do Sul.
Quando negros fossem apanhados na zona de brancos eram detidos e punidos, mas o mesmo não acontecia com brancos apanhados na zona de negros e nem iam sem polícias por medo de serem atacados. Reinava intolerância política.
A maioria negra era impedida de participar em processos políticos.
Entretanto, hoje a África do Sul é um exemplo de tolerância política na região da África Austral.
Em alguns países da região reina intolerância política camuflada. Movimentos de libertação no poder no Zimbabwe e Moçambique são considerados menos tolerantes para com a oposição, apesar da vigência da democracia multipartidária.
A ZANU-FP, no Zimbabwe, e a Frelimo, em Moçambique, dominam a imprensa pública, desencorajando o aparecimento de opiniões contrárias veiculadas por membros ou simpatizantes da oposição.
Entretanto, não tem havido incidentes de intolerância racial nos dois países acima referidos, mas no Zimbabwe o assunto branco-negro parece mais sensível que em Moçambique.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 09 de Setembro de 2020, na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE
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