Xavier de Figueiredo
Xavier de Figueiredo – jornalista luso-angolano que entre 1982/3 desempenhou as funções de Delegado da Agência Noticiosa Portuguesa (ANOP), antecessora da actual LUSA em Maputo, acaba de lançar mais uma obra literária, intitulada “O Príncipe do Congo”.
Na síntese do livro se refere que “O Príncipe do Congo” é uma obra do género narrativa histórica, inteiramente baseada na pesquisa.
O título da obra do pai de Pedro Figueiredo, que por sua vez esteve como delegado a LUSA em Maputo entre 2006 e 2008 (hoje piloto aviador) está inspirado na figura de Nicolau de Água Rosada, um dos filhos de Henrique II, rei do Congo no período 1842/1857.
“A vida absolutamente invulgar de D. Nicolau, contada no livro, começou quando seu pai o escolheu para em 1845 se deslocar a Lisboa, por onde estanciou durante mais de um ano, numa missão com vários propósitos – um deles relacionado com a questão do tráfico de escravos”, pode se ler na sinopse da obra de Xavier de Figueiredo, que neste dia 27 de Outubro faz 73 anos de idade.
O estatuto social a que a viagem ao “Puto” e a sua subsequente radicação em Luanda, onde se ilustrou, lhe deram acesso, viria a não ser estranho à sua trágica morte, em 1860. A turbamulta às mãos da qual sucumbiu fê-lo com isso “pagar” por alegadas cedências de seu pai a Portugal, de que o consideravam cúmplice.
“A amarga ironia da vingança é que no momento em que ela ocorreu andava foragido das autoridades portuguesas, contra as quais se havia publicamente rebelado, movido pela rejeição que lhe mereceram coisas para as quais olhara como planos de avassalamento do Reino do Congo impostos por Portugal a D. Pedro VI, fraco sucessor de seu pai, ao qual dava o tratamento de primo-irmão. O Reino do Congo ainda é um Estado praticamente autónomo”, pode se ler ainda no resumo da obra de Xavier de Figueiredo, nascido em 1947 no planalto central angolano, Nova Lisboa, hoje Huambo.
Os últimos 15 anos da vida de D. Nicolau coincidiram temporalmente com uma época de grandes mudanças em Angola, de que viria a ser testemunha. O fim da era do tráfico de escravos, lento e difícil, foi a mais importante dessas mudanças.
Até por ter desencadeado muitas outras, em cascata. Ao “nefando comércio ilícito”, como uma nova moral, mais puritana, passara a ver o tráfico negreiro, viria a suceder uma nova economia, baseada em novas actividades: a agricultura, as minas, as pescas e a indústria. A transição de uma realidade para a outra, fértil em acontecimentos pouco conhecidos, está contemplada no livro. A autoria do prefácio é do Almirante Silva Ribeiro.
A gravura da capa é um retrato seguramente fiel do Príncipe do Congo, personagem do livro. É da autoria do pintor italiano radicado em Lisboa, Pedro Augusto Guglielmi. Data de 1845, ano da chegada a Lisboa de D. Nicolau.
Xavier de Figueiredo reside há mais de 40 anos em Lisboa e viveu em alguns países de expressão oficial portuguesa como correspondente da ANOP, sendo hoje considerado um dos melhores conhecedores dos assuntos da maioria dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“CEUTA – Primeira conquista de Portugal além-mar” (2015) é o título da segunda obra de Xavier de Figueiredo, que se estreou nestas lides com “Crónicas Fundação de Huambo – Nova Lisboa (2013).
Esporadicamente, Xavier de Figueiredo empresta o seu saber na SOJORNAL, escrevendo artigos para o jornal Correio da manhã e para a revista Prestígio.
Refira-se que a LUSA surgiu formalmente no dia 12 de Dezembro de 1986, resultante da fusão nada consensual das duas agências noticiosas portuguesas rivais então existentes em território português, a ANOP e a Notícias de Portugal (NP).
(Correio da manhã de Moçambique)