Nyusi clarifica: ultimato

Nyusi clarifica posicionamento quanto à solução do conflito na região Centro de Moçambique, confirmando o que temos vindo a referir nos últimos dias: Mariano Nhongo deve se entregar “antes que seja tarde”.

Com efeito, o Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, diz que a única opção para os seguires de Mariano Nhongo, dissidente da RENAMO que lidera uma tal “Junta Militar”, é se render para se integrado no processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) em marcha.

Num caso raro, Nyusi citou claramente o nome do provável “número dois” da Junta Militar da RENAMO, André Matsangaissa Júnior, afirmando que este também deve se render as autoridades, “antes que seja tarde”. “Entreguem-se sozinhos, antes que seja tarde”, reiterou Nyusi.

Há muitos o Redactor já alertava para a indisponibilidade do Governo para entabular negociações com a Junta Militar da RENAMO, depois de Nhongo ter dado sinais para tal.

Alguns analistas acreditam que Nhongo tem passado momentos de apuros nas matas onde anda escondido, depois de sofrer alguns revezes no campo de batalha, que culminaram com a captura de alguns dos seus homens mais próximos, incluindo um ajudante de campo de cozinheiro.

“Mariano Nhongo deve entregar-se, aderir ao processo de DDR e pode fazê-lo através da via de contacto ao seu dispor. O mesmo digo em relação aos seguidores de [André] Matsangaíssa Júnior. Entreguem-se sozinhos antes que seja tarde”, referiu.

O chefe de Estado falava na passada sexta-feira em Maputo durante o encerramento do quinto curso de operações de combate ao terrorismo das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas.

À Junta Militar da RENAMO tem sido assacada a responsabilidade pelos ataques armados que ocorrem na região Centro de Moçambique e que já provocaram a morte de 30 pessoas desde Agosto de 2019.

A Junta liderada por Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da RENAMO, contesta a liderança do partido e as condições para a desmobilização decorrentes do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado a 06 de Agosto de 2019 entre o Governo e a RENAMO.

“As exigências da RENAMO foram satisfeitas de acordo com as suas pretensões”, reafirmou Nyusi, dizendo ser o resultado do diálogo do governo do partido Frelimo com “as duas últimas gerações de lideranças da RENAMO”. ( Nyusi clarifica)

O enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas em, Moçambique, Mirko Manzoni, defendeu recentemente que “há espaço para diálogo entre o Presidente moçambicano e Mariano Nhongo”, depois dos sinais de abertura de parte a parte.

Em Outubro, Filipe Nyusi anunciou uma trégua na perseguição à Junta Militar da RENAMO, mas tentativas de aproximação para um diálogo fracassaram, com as duas partes a trocarem acusações.

No entanto, no final de Dezembro, o antigo líder guerrilheiro anunciava a suspensão de emboscadas e ataques a viaturas nas estradas e aldeias do centro de Moçambique, para permitir o início de negociações de paz com o Governo.

No encerramento do curso dirigido às FDS, Nyusi pediu aos participantes que sejam “implacáveis no terreno”, numa alusão aos ataques armados em Cabo Delgado, Norte do país.

“A vossa tarefa é garantir a implacabilidade do Estado contra todo o tipo de inimigo do povo moçambicano, nacionais ou estrangeiros. Não percam tempo a procurar identificar a origem de cada terrorista abatido ou que se faz presente no teatro de operações: qualquer terrorista, independentemente da proveniência, é vosso alvo”, numa missão a cumprir  “na escrupulosa observância da lei”, disse.

A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, começou há três anos e está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico desde 2019. (Nyusi clarifica)

Redactor

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *