Irmandade internacional
Irmandade internacional – A corrida para a compra de vacinas contra COVID-19 no mercado internacional mostra que a propalada irmandade entre os países mais desenvolvidos e os mais pobres, incluindo a minha aldeia, é uma farsa. Até ao final desta segunda-feira, 53 países ricos tinham assegurado encomendas da vacina e alguns já estão a inocular os seus cidadãos, blindando-lhes do vírus mortífero de COVID-19.
O continente africano com 55 países e, particularmente, a região sub-sahariana, mercado de recursos minerais para os ricos, apenas a África do Sul, antigo posto avançado do capitalismo parece estar mais próximo de assegurar a tão procurada vacina.
O Rancor do Pobre abordou semana passada a relação entre rico e pobre dizendo que o primeiro não ia à casa do seu vizinho pobre pedir sal para temperar bife. A lógica é tão simples: o rico não pode ter dinheiro de comprar bife e não poder comprar sal, mas o pobre pode conseguir milagrosamente folhas de feijoeiro, cacana e ou outras, mas não ter dinheiro para comprar sal.
O Mundo dos homens e mulheres é injusto e desigual.
Muitas vezes, a irmandade invocada em discursos políticos nas conferencias internacionais e ou reuniões é pura fantasia para o consumo de arquivos de boas intenções.
É inexplicável que dos 193 países do Mundo apenas 53 tenham assegurado vacinas para inocular seus cidadãos da pandemia deixando a maioria da população mundial sem blindagem.
A Organização Mundial da Saúde, por sinal dirigida por um cidadão africano, gritou apelos alertando o perigo de exclusão e nacionalismo exacerbado no processo de aquisição de vacina.
Os apelos caíram em ouvidos moucos.
Mais de 1.2 mil milhões de africanos foram esquecidos.
Uma activista cívica sul-africana gravou vídeo que circula nas redes sociais no qual fala ironicamente sobre o assunto de vacina. A activista diz que os pobres já estão habituados de serem os últimos em tudo, particularmente nos benefícios contrariando o princípio socialista defendido e aplicado por Samora Machel – chefes são primeiros no sacrifício e últimos nos benefícios.
Segundo ela, a vacina deve ser administrada primeiro aos mais velhos, líderes comunitários, dirigentes políticos, amigos, amantes e outros conectados com a elite dos dirigentes.
A sua ironia aplica-se também ao nível internacional. Depois dos ricos e seus cachorros de estimação terem sido vacinados, os africanos e outros pobres do Mundo vão receber a vacina com discursos de valorização de amizade, cooperação e irmandade.
O pobre que não tem Rancor vai agradecer.
A pandemia de COVID-19 abriu escola superior de relações humanas e valorização de desenvolvimento de instituições locais.
Líderes dos países pobres devem aprender valorizar o desenvolvimento das instituições nos seus respectivos países, como hospitais, médicos e especialistas em pesquisa de vacinas.
Durante vários anos, líderes dos países pobres negligenciaram investimentos no desenvolvimento de infra-estruturas sociais como hospitais porque em caso de doença eles eram tratados na Europa, América do Norte ou na Ásia.
Hoje, o lema é FICA EM CASA. (Irmandade internacional)
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 20 de Janeiro de 2021, na rubrica de opinião denominado O RANCOR DO POBRE
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