Política moçambicana

Política moçambicana enlutada – Daviz Mbepo Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e presidente do Conselho Municipal da cidade da Beira, faleceu nesta segunda-feira na vizinha África do Sul, enlutando o panorama político moçambicano.

Foi quase unanime a consternação expressa publicamente pelo sucedido, incluindo por parte dos partidos rivais Frelimo, RENAMO.

Armando Guebuza, antecessor do actual incumbente, expressou, igualmente, a sua tristeza pela morte de Daviz Simango, homem que, no seu entender, “soube estar na política e contribuiu para fortalecer a nossa democracia”.

Nascido a 7 de Fevereiro de 1964, Daviz Simango tinha sido transportado de emergência em 13 de Fevereiro por via aérea para uma unidade de saúde da África do Sul devido a um problema de saúde (não especificado).

“Recebemos a notícia pelas 11:00, através de fontes familiares, que confirmaram o falecimento numa unidade de saúde da África do Sul durante a última madrugada”, disse José Domingos, secretário-geral do MDM.

Daviz Simango “teve complicações quando alguns familiares da sua residência foram diagnosticados com o novo coronavírus, mas a causa da morte deve ser determinada por fonte médica”, sublinhou.

“É uma dúvida nossa, têm de ser fontes médicas a confirmar”, destacou.

“Já na África do Sul, estava a mostrar bons sinais, mas acabámos perdendo o nosso grande líder, o fundador do MDM e presidente do conselho autárquico da Beira”, disse, referindo ser “ainda é cedo” para anunciar detalhes sobre as cerimónias fúnebres, tanto mais porque Daviz Simango faleceu noutro país.

“Há burocracia para tratar” e “pode levar tempo”, concluiu. 

Impressionante perfil

"Daviz Simango sabia estar na política" - Armando Guebuza
“Daviz Simango sabia estar na política” – Armando Guebuza

Política moçambicana enlutada – Daviz Mbepo Simango ficará na história como o primeiro candidato independente a chegar à presidência de um município em Moçambique como nação independente.  Simango foi eleito pela primeira vez como autarca da Beira, Centro de Moçambique, em 2003 como candidato da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, ao qual se juntou a convite do falecido líder da organização, Afonso Macacho Marceta Dhlakama.

No entanto, em 2008, a carreira política de Daviz Simango parecia ter acabado, quando Dhlakama recuou na decisão de o recandidatar à presidência do município da Beira, optando por Manuel Pereira, um influente deputado da RENAMO.  

Confrontado com a mudança de posição do líder da RENAMO, Daviz Simango tomou a decisão ousada de avançar como independente, vencendo com larga margem a presidência de uma das principais cidades moçambicanas, à frente dos candidatos da RENAMO e do partido Frelimo, no poder central desde 1975.  

Em 2009, Daviz Simango fundou o MDM, com o qual concorreu às presidenciais e legislativas desse ano. Ficou em terceiro lugar nas presidenciais e conseguiu eleger oito deputados à Assembleia da República (AR), acabando com a bipolarização entre a FRELIMO e a RENAMO.  

Daviz Simango voltou a concorrer às eleições gerais de 2014 e 2018, renovando o terceiro lugar e, com o seu partido, elegendo deputados. 

Ao nível do poder autárquico, voltou a vencer no município da Beira em 2013 e 2017, tornando-se o autarca com mais anos na presidência de um município em Moçambique. 

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