A felicidade vingativa
Foi por culpa sua que ele saiu de nós”, falava um velho conselheiro, conhecido como amigo de todos.
A sociedade criticava os seus actos, mas a coragem que levava para mostrar o seu posicionamento era determinante.
Concentrado e atencioso no que fazia, as críticas nunca faltavam para aquele que julga ser detentor do saber, mostrava que, com falta de comunicação e respeito, a relação entre os homens caía abaixo.
Para que se mexam as titularidades é preciso uma equação que não as deixe impulsivas mediante qualquer acção, porque uma parte dos homens é imediata nas suas respostas.
O comentador foi aconselhado que fomentava má informação sobre aquela individualidade, mesmo sem conta, este não se formava em mudar de conduta, firmando-se na sua posição.
É necessário extrair todo o mal existente em nós para deixar o coração limpo, frio e seguro, evitando a vingança contra o próximo.
Não é fácil ser socialmente correcto depois de pronunciamentos que destroem o ser humano. A verdadeira vingança alimenta a alma, e, muitas vezes, ela mantém-nos em pé, pois é a única alternativa para quem tudo quer. O que resta é força para nutrir e alimentar esse sentimento, corrigindo a injustiça.
O desejo de vingança tem necessariamente ligação com a satisfação pessoal, na tentativa de denegrir outrem. Não se deve dar troco a esses actos, mas ensinar o homem a ter bom pensamento e analisar antes de agir, evitando prejuízos e desesperos, sem perder a sanidade mental e humanismo. “Keep calm and avoid revenge”.
Os demais reflexivos vêem a necessidade de mobilizar e mentalizar a forma de ser e estar, evitando canalizar o plano de vingança, tal que diz a velha máxima “vingança é um prato que se serve frio”, por ser algo meticulosamente calculado e premeditado.
Por detrás de um sentimento de vingança podem estar pessoas que não sabem lidar com as suas próprias emoções, que, em vez de realizarem um trabalho interno de equilíbrio emocional, acabam por atacar o seu próximo, definindo-o como culpado pelo seu mal-estar. Não se pode vingar o ser humano, mostra-se atitude e fortaleza na sua acção.
Aos crentes, deparados com a situação do género, a palavra correcta torna-se filosófica “Paz e Bem, Amor acima de tudo”, mas com um sentimento reflexivo, uma vez o sofrimento perpetuar, destruindo por dentro e assistir os que mal o fizeram sair ilesos.
Pessoas ruins só destroem a vida alheia e continuam a fazer o mal, a justiça não existe na maioria dos casos, traem dolosamente mesmo sabendo que estão matando com requintes de crueldade a alma do próximo. O tempo só reforça a convicção, afinal não é crime nutrir o ódio e querer se vingar em pensamento.
É difícil para essa individualidade experimentar a felicidade enquanto banhada por uma sensação que nada pode ou vai dar certo para ninguém. Carregando consigo uma visão pessimista da vida a todo nível, impedindo que os outros possam ter qualquer chance para a sua felicidade, desenhando estratégias de devolução da carga que vem sentindo ao alcançar determinado objectivo.
O uso da “felicidade vingativa” como moeda de troca pode, além de ferir o outro, prejudicar a sua própria vida, mantendo contínuas e abertas as suas dores internas, ainda que assistir o outro sofrendo cause prazer instantâneo.
É naturalmente simples reconhecer o carácter vingativo do humano, tal que o relacionamento com ele costuma a ser tóxico e bastante sensível. Além de desagradável, ocorre a falta de empatia, má gestão emocional, dificuldades em perdoar e esquecer, insegurança, não consegue se desenvolver e encontrar valor nas lições dadas pelos desafios da vida. Pessoas com este acto não se importam com o sofrimento que vão causar em outros.
Reflicta que o controlo das emoções costuma ser fraco e sensível, de modo que seja muito simplista à sua raiva, o que leva à punição do seu próximo a um determinado prazo, caso contrário, a mágoa, dor e as sensações permanecem e continuam a machucá-lo por dentro.
Vingar-se de alguém, por mais tentador que seja, não é melhor caminho. Gaste as suas energias tentando ser feliz, alimentando pensamentos, emoções e atitudes que construam uma vida melhor. Evite ser vingativo, paute pelo diálogo, busque as diferenças e faça amizades para o seu bem-estar.
Este artigo foi intitulado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 20 de Julho de 2023, na rubrica de opinião denominado OPINIÃO.
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