A guerra pela sucessão no partido Renamo
Já ouviram falar da célebre frase “o poder anima”? O poder é como uma droga, é viciante. Quem o consome sem devido cuidado se torna viciado e nunca mais quer largá-lo, até que tudo desmorone ou esteja quebrado. Pessoas que pensam mais do que eu chamam de vício um desejo irrefreável de consumir uma substância. E que quando se tem vontade de usar a droga, uma pessoa viciada não se importa com o bem-estar do próprio organismo nem com aspectos financeiros, familiares ou sociais. Os viciados podem até matar, desgraçar famílias, ou seja, não se importa com mais nada e ninguém se não atingir os seus apetites estupifantenticos.
Essa analogia tem enquadramento na política, principalmente no que diz respeito aos últimos acontecimentos dentro do partido Renamo. O actual líder da perdiz, Ossufo Momade, é um viciado. O vício que ele tem não é pelas drogas ou substâncias entorpecidas, mas, sim, é um vício pelo PODER. Assim que provou das regalias inerentes à figura do 2.° classificado nas presidenciais de 2019, nunca mais quis largar o posto de presidente da Renamo. Mas quem ia querer deixar benefícios que incluem despesas de funcionamento de gabinete, aquisição de bens e serviços, transferências correntes e despesas de investimentos totalizando 950 mil euros anuais?
Essas mordomias resultam na criação de um estatuto que figura o segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais em Moçambique. Há quem acredita que a criação deste regulamento beneficiário provém de negociatas e acordos entre o general Momade e o Governo da Frelimo com vista a suster de uma vez por todas as críticas que estariam por vir contra a Governação da Frelimo, como já vinha sendo feito pelo antigo líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
Será que quem pensa deste jeito está errado, a olhar pela inércia do Ossufo Momade perante várias vicissitudes que o país atravessou nos últimos anos?
Ossufo Momade foi alheio à perseguição de membros da Renamo, se falou, talvez décadas depois. Ficou em silêncio perante as maiores roubalheiras de voto advindas nas últimas eleições, se falou, foi pouco. Só marcou uma conferência de imprensa no caso de suspensão de Paulo Vahanle e sobre a prisão domiciliar do autarca de Nacala-porto, Raul Novinte, por causa de críticas que recebeu de algumas figuras do partido e da sociedade civil.
Que líder esperamos, se para agir precisa de ser conduzido?
Hoje ele está a implementar manobras monárquicas no seio do partido para manter-se no poder. Só que essas tácticas alheias à democracia, por sinal, não estão a funcionar porque o povo sabe que Ossufo Momade não tem capacidades para continuar a liderar a Renamo e as suas manobras comunistas só estão a sujar cada vez mais a sua imagem.
A única estratégia que lhe restou para poder mudar o jogo do Ossufo Momade dentro do partido Renamo e sair da situação em que está pela porta da Frente é juntar-se às massas e apoiar o Venâncio Mondlane.
Ndaenda!
ANTÓNIO DAMIÃO
Este artigo foi publicado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 20 de Março de 2024, na rubrica OPINIÃO.
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