A humilde doméstica
Fazia o seu trabalho pontualmente, com o intuito de manter a casa limpa e organizada. Apesar dos berros vindos dos demais, mantinha o foco nas suas actividades.
A cada dia que passava se sentia cada vez mais dona de casa, porque passava mais tempo na residência dos patrões que na sua. Cuidava dos filhos dos donos da casa, acompanháva-os à escola, lavava e passava a sua roupa.
Ela conhecia os seus limites, mas ultrapassava-os propositadamente, com vista a ser cada vez mais influente. Para além das actividades indicadas pelo seu patronato, prestava outros serviços que envolviam o atendimento ao pessoal, limpeza, lavandaria e manutenção domiciliar.
Sem noção de culinária, a patroa proibia-a de confeccionar as refeições da família, por isso tinham de comprá-las nas casas de referência. Para se ter uma uma alimentação saudável deve-se variar os alimentos. O dono da casa gostava de verduras, mas era forçado a comer tudo o que lhe era trazido pela esposa.
Como se diz, o tempo é mestre. O homem cansou-se de se alimentar com o que a sua parceira escolhesse. Por isso, decidiram recorrer à experiência da empregada doméstica, que, para além de fazer limpeza e arrumar a casa, sabia cozinhar.
Foi mantido o controlo a todos os níveis pela dona de casa. Os alimentos confeccionados, a priori, eram do agrado da família real.
Amigos e demais familiares eram convidados à sua residência para juntos saborearem o alimento. Questionado sobre quem confeccionara a refeição, a resposta era dada de forma sigilosa para não desmoronar o ser da mãe-grande.
“Os olhos falam”, o velho ditado prevaleceu, porque os amigos da família perceberam que não foi a senhorita quem cozinhou.
“A doméstica mostrava a cada dia os seus dotes na culinária, o que mexia com a atenção do patrão, exigindo que se fizesse uma ementa diária”.
O clima ia gelando na residência, levando a dona de casa a ser mais presente e interventiva junto do seu homem. A “doméstica deve conhecer os princípios morais que envolvem o seu ambiente de trabalho e aplicá-los no exercício da sua profissão” para não criar desavenças entre os membros da família ou junto dela.
Disse o patrão que o seu profissionalismo deve ser de destaque para responder às causas do contrato. Sendo que a esposa pode aprender com a doméstica, pois ela tinha uma formação educacional e moral com capacidade de dar-lhe suporte para o seu bem-estar.
Face aos pronunciamentos do dono da casa, a senhorita sentiu-se obrigada a buscar um novo ser com a doméstica, criando espaço para a realização de actividades caseiras.
Tem-se dito que para um bom lar deve haver harmonia, mas tudo parte de boa comunicação, priorizando o diálogo como um dos factores mais importantes para o sucesso no relacionamento e símbolo de bom entendimento entre o casal, do qual colocam as suas dificuldades para melhor a resolução.
O relacionamento entre a empregada doméstica e os patrões deve ser bom e bem estreito, de humanidade e permanência, possivelmente não se fazendo distinção, tratando-a com dignidade, pois, por vezes, torna-se dona de casa ou conhece melhor a residência que os proprietários.
As regras para uma boa conduta devem ser impostas logo nos primeiros dias da contratação da assalariada doméstica, estipulando áreas de actuação dentro da casa, deixando-as bem claras para a sua aplicação, respeitando os hábitos e costumes familiares, mantendo a relação de trabalho animadora.
Além disso, os elogios diante de acertos aumentam a motivação para o trabalho, colaborando para a produtividade e a manutenção de um ambiente mais harmonioso.
Lembre-se: “se não puder avançar pelo talento, vá pelo esforço que o fim será o mesmo (vencer as adversidades)”.
CÉSAR NHALIGINGA
Este artigo foi intitulado foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 13 de Julho de 2023, na rubrica de opinião denominado OPINIÃO.
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