A praia artificial de Chimoio: um sonho afogado em promessas azias
A promessa de uma praia artificial no município de Chimoio, feita em campanhas eleitorais, tornou-se símbolo da desconexão entre o discurso político e as reais necessidades da população.
Apresentado como um projecto emblemático para transformar a cidade em um destino turístico e de lazer, o plano, até hoje não concretizado, evidencia a fragilidade de compromissos assumidos por lideranças municipais.
O fracasso na execução desta promessa não é apenas um reflexo da incapacidade administrativa, mas também um indicador de como prioridades equivocadas podem desviar recursos e atenção de problemas mais urgentes.
Enquanto a cidade enfrenta desafios críticos como saneamento básico precário, falta de água potável e infraestrutura deficiente, o discurso sobre a praia artificial soa como uma afronta às necessidades diárias da população.
Além disso, a ausência de transparência sobre o financiamento e o impacto ambiental do projecto reforça o cepticismo dos moradores. Como pode uma administração que luta para atender demandas básicas justificar a alocação de recursos em uma obra de tamanha complexidade?
O silêncio em torno desta questão demonstra uma falta de planeamento estratégico e uma desconexão com os desafios socioeconômicos da região.
Mais preocupante é o efeito que promessas não cumpridas têm sobre a confiança pública.
A credibilidade das lideranças é minada quando projectos de grande porte são usados como ferramentas eleitoreiras, sem a intenção ou a capacidade de serem executados. Isso não apenas desmotiva os cidadãos, mas também perpectua um ciclo de desilusão e apatia em relação ao processo democrático.
O caso da praia artificial em Chimoio é um alerta para a importância de se repensar a gestão pública com foco em prioridades reais e responsabilidade fiscal.
Enquanto a cidade continua esperando, o sonho de uma praia artificial se transforma em um lembrete amargo de que promessas sem acção têm o poder de afundar a esperança de um povo.
Se Chimoio tiver praia artificial nos próximos quatro anos, Moçambique ganhará uma estrada nacional número um feita em 90 dias. E Beira introduzirá transporte ferroviário.