A “saia justa” de Ramaphosa

Ramaphosa, o Matamela Cyril, actual chefe de Estado da África do Sul, era, até ao início da semana passada, um homem confiante na vitória eleitoral, desafiando todas as sondagens que deixavam claro que o seu partido, o centenário Congresso Nacional Africano (ANC), não obteria a desejada maioria absoluta para governar com relativa tranquilidade.

Porque no país vizinho na verdade “o povo é quem mais ordena”, os resultados das eleições da passada quarta-feira penalizaram o ANC e o novel partido uMkhonto weSizwe soube se aproveitar da popularidade do octogenário (82 anos de idade) antigo presidente Zuma, o Jacob Gedleyihlekisa, a “estrela” deste pleito.

Perante os dados em presença (cerca de 40% para o ANC contra os 57,5% obtidos nas eleições de 2019), Ramaphosa vai ter de decidir qual a porta a bater: a da Aliança Democrática de John Steenhiusen (muito pouco provável) que obteve perto de 22%, do uMkhonto weSizwe (aproximadamente 15%) ou a dos Combatentes para a Liberdade Económica (EFF, sigla em inglês) do irreverente Malema, o Julius (perto de 9,5%).

O líder do EFF, um dos grandes perdedores (menos cinco lugares no Parlamento) nestas eleições, já “piscou o olho” ao ANC, o mesmo acontecendo com o uMkhonto weSizwe (MK), ambos sob condições.

Basicamente, o uMkhonto weSizwe exige a partida de Ramaphosa, de 71 anos de idade, para qualquer entendimento com o ANC.

Alcançámos a nossa missão: trazer o ANC para menos de 50%. Queremos humilhar o ANC”, disse Malema, antigo líder da ala juvenil do Congresso Nacional Africano, aos jornalistas para depois referir que “vamos negociar com o ANC” para um possível acordo de coligação.

Mas há duas condições fundamentais, disse: presidir a Assembleia Nacional e que “o Presidente da República não seja um vigarista”, numa aparente alusão ao escândalo de Pala-Pala, envolvendo Ramaphosa.

Esperam-se longas e penosas negociações políticas no país vizinho que ao menos viverá dias de pouca arrogância política, porque tudo ou quase terá de ser decidido à base de entendimentos entre pelo menos três dos quatro partidos políticos mais relevantes na África do Sul.

Aliás, é esta arrogância, associada aos fracassos do governo do ANC em resolver as crises de longa data como o desemprego, desigualdade, a criminalidade, a falta de energia e de água, bem como as disputas com Zuma, “dono” de uma considerável fasquia do eleitorado zulu, que penalizaram o partido que um dia foi presidido por Nelson Mandela, o Madiba.

Se em Moçambique o voto popular contasse, seriam sinais de alarme, mas…

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 03 de Junho de 2024, na rubrica de opinião denominada Comentário.

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