Afectados pelas inundações de 2022 e de 2023 ainda sem Norte

Afectados pelas inundações de 2022 e de 2023 no bairro das Mahotas, na cidade de Maputo, capital de Moçambique, continuam sem saber a sorte que lhes aguarda, quadro agravado pelo facto de parte deles, actualmente abrigados num espaço temporariamente cedido pela Igreja Católica, estar a ser convidada a se retirar do local.

São pelo menos sessenta famílias que viviam num tormento e que há semanas passam noites de insónias agravadas porque os responsáveis da Igreja Católica que os acolheu desde Fevereiro deste 2023 dizem que precisam da área onde estão abrigados para concretizar os seus planos.

Por seu turno, fonte do município da cidade de Maputo diz que o Executivo liderado por Eneas da Conceição Comiche nem previsão tem para o reassentamento daquelas famílias que actualmente sobrevivem em tendas já em franca deterioração.

Manuel Nhantumbo, responsável do quarteirão mais afectado pelas inundações, afirma que o desespero cobre a quase toda “sua” gente porque não sabe para onde irá já que está a ser mandada sair do local de acolhimento e as suas habitações continuam cercadas de água.

“Mesmo as promessas que anteriormente nos foram feitas, de atribuição de espaços para erguer as nossas habitações definitivas, não passaram disso mesmo”, lamentou Nhantumbo.

O líder comunitário sublinhou que o desespero se agudizou quando Comiche visitou o local e apareceu com uma nova narrativa, segundo a qual não há garantias de atribuição de porções de terra para a construção de habitações para os afectados.

Nhantumbo diz que as promessas iniciais davam enfoque na possibilidade de atribuição de espaços para o reassentamento das famílias afectadas em Marracuene, Matutuine, KaTembe, Boane e Bobole, todas zonas localizadas fora do território do município da capital moçambicana, mas pertencentes à província de Maputo, Sul de Moçambique.

“Desde o ano passado que vivo na condição de deslocado e sem saber quando poderei voltar aos meus aposentos”, queixou-se João Coelho, uma das vítimas das inundações em 2022, acrescentando que apenas tem recebido vagas promessas da resolução do seu drama por parte da autarquia.

Orlando Zandamela, chefe do Departamento de Assistência aos bairros da cidade de Maputo, reconhece a preocupação expressa pelos afectados na sequência da decisão tomada pela Igreja Católica, insistindo que o município “está a trabalhar” visando encontrar espaços para o reassentamento, declinando comprometer-se com horizontes temporais.

Fracassou, parcialmente, a iniciativa dos afectados pelas inundações que, com meios próprios, adquiriram bombas para escoar as águas estagnadas nos seus terrenos.

Esselina Muzima, delegada da cidade de Maputo no Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGD), garante que a sua instituição está a trabalhar para criar condições para resolver o problema das águas que continuam a inundar algumas habitações no bairro das Mahotas.

“Estamos a trabalhar. Na verdade, estamos à espera de material para reforçar o bombeamento, mas reconhecemos que essa não é uma solução imediata”, disse Muzima, deixando transparecer que o calvário dos afectados pelas inundações não parece ter um fim à vista.

NOÉMIA MENDES

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Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 06 de Setembro de 2023.

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