Afinal éramos felizes!

Felizes: A entrada em acção militar de presumíveis activistas do grupo radical e extremista Al Shabaab, em algumas regiões do Norte de Moçambique, vem enunciar um quadro que prevalecia, mas que não dávamos por ele, como aquelas pessoas que apenas valorizam a água quando o poço seca.

Perdemos tempo em refregas internas e inúteis, permitindo, por conseguinte, que forças estranhas se organizassem o suficiente para nos atacarem militarmente. Pelos vistos é chegado o momento para clamar e rezar, de facto, pela paz, porque a verdadeira guerra parece ter mesmo começado.

Como dissemos anteriormente, neste espaço, este é o “preço” do “refresco” por alguns deliciado para permitir a entrada e movimentação desregrada, em solo pátrio, de tudo o que noutros países nem seria permitido a sua aproximação aos postos fronteiriços. “Refresco” esse “adocicado”, ainda mais, pelo relaxamento de quem devia [e não o fez] tomar medidas apropriadas em tempo oportuno, mas que mensalmente é pago e alguns deles [os ditos “chefes grandes” então], se locupletam na luxúria e mordomias alimentados pelos nossos impostos.

Num aparente exercício de reconhecimento de que muito do que se tem feito por estes anos todos é paliativo, folclórico ou simplesmente cosmético, vieram, agora, as autoridades de Mocímboa da Praia, epicentro, por enquanto, da actuação militar desses homens armados desconhecidos, anunciar a realização de um censo populacional, quando em Agosto deste mesmo 2017, assistimos àquele espectáculo deprimente à escala nacional que se atribuiu o título de recenseamento geral da população, quando se sabe que de acto sério digno desse nome nem de longe se enxergou.

Enquanto prevalecer o princípio do faz de conta nesta dita Pérola do Índico, mais tragédias assistiremos e, como sempre, depois assistiremos a estas correrias patéticas, com “lágrimas de crocodilo” à mistura, apenas para fingir mostrar serviço, ao invés de trabalhar, de verdade.

Mas há quem factura, e à grossa, com isto tudo, por isso vai esfregando as mãos e componentes do maravilhoso povo vão pagando a factura!

REFINALDO CHILENGUE
Este texto foi publicado em primeira mão na versão PDF  do Correio da manhã no dia 20 de Outubro de 2017, na rubrica semanal TIKU 15!

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