Afinal Mandlazi já morreu!
Está encerrada a procura do emigrante moçambicano Levi Estêvão Mandlazi (Correio da manhã N.º 4921, págs. 1 e 2) que abandonou a sua família nos arredores da cidade sul-africana de Pretória em 1985.
O emigrante foi localizado, mas sem vida, no extremo leste da capital sul-africana onde tinha constituído outra família.
A história de Levi Mandlazi parece um filme de ficção de Holywood.
O emigrante moçambicano deixou duas esposas e filhos em Guijá, província de Gaza, Sul de Moçambique, para trabalhar na África do Sul, onde conheceu uma mulher, também moçambicana, Maria Massinga, com a qual teve dois filhos.
Só que antes mesmo do nascimento do segundo filho, por sinal uma menina, Levi Estêvão Mandlazi abandonou a casa em 1985 sem despedir.
Todos acreditavam que tivesse regressado à sua terra natal em Guijá. Esforços da mulher abandonada e respectivos rebentos de localização do marido emigrante redundaram em fracasso e acabaram desistindo.
Num contacto com o Correio da manhã, Maria Massinga disse que foi meter queixa na Polícia sul-africana, dizendo que a pessoa com a qual vivia saiu de casa e não volta. “Dei parto na sua ausência”.
“A Polícia insistiu com ele para regressar à casa e ele prometeu que regressaria, mas não chegou a regressar. Fui de novo à Polícia. Eles disseram-me para deixar porque era emigrante de Moçambique e não podiam fazer nada”, contou Maria Massinga ao Correio da manhã na África do Sul.
Maria Massinga ficou sozinha com um filho menor e grávida da qual nasceu uma menina a quem deu o nome de Pinky com apelido Massinga, da família materna.
Pinky Massinga cresceu sem conhecer o seu pai. Casou-se e tem dois filhos. A jovem descendente do emigrante moçambicano lançou uma frenética campanha de procura do seu pai, usando novas tecnologias de comunicação.
O esforço de Pinky Massinga produziu alguns resultados positivos, embora tarde para apanhar o pai vivo de carne e osso.
Somos teus pais
Dois irmãos mais novos de Levi Estêvão Mandlazi foram localizados na região de Ekangala, cerca de 75 quilómetros a leste do centro da cidade de Pretória.
Daniel Mandlazi, irmão de Levi Mandlazi, confirmou a morte do irmão (Levy), assumindo que “somos os pais de Pinky”.
“Ela (Pinky) pode-se dar por feliz porque pelo menos aqui estamos, apesar de sermos apenas tios. Na prática e seguindo a tradição changana somos pais dela”, enfatizou Daniel Mandlazi.
Daniel justificou que o facto dos seus sobrinhos terem crescido sem ser conhecidos na família Mandlazi foi por causa do pai deles. Ele nunca nos disse que tinha filhos num determinado local.
Pinky, visivelmente emocionada, disse que estava aliviada com a descoberta da sua família paterna, mas lamentou que tenha sido tarde para encontrar o seu pai vivo.
“Sinto-me muito feliz, porque encontrei os pais”, disse Pinky Massinga (Mandlazi).
“Mas o meu coração doe, porque o papá já não existe”, lamentou Pinky, em prantos.
O irmão de Pinky conseguiu resistir à emoção.
Manuel Levi Mandlazi conheceu o seu pai até aos dois anos de idade. Hoje é casado e pai de dois filhos e diz estar muito satisfeito com a descoberta da origem do seu apelido paterno.
“Eu estou muito satisfeito por ter encontrado a origem do meu apelido. Se amanhã tiver algum problema hei-de saber onde apresentar ou chorar. Os meus filhos vão conhecer a sua origem”, prosseguiu Manuel mandlazi.
Mais duas filhas…
Entretanto, por causa das redes sociais outras duas meninas, filhas de mães diferentes, conheceram-se e foram-se juntar aos outros irmãos, identificando-se como sendo (também) filhas de Levi Estêvão Mandlazi.
Elas não conheciam os seus irmãos Manuel e Pinky.
Com a voz e lágrimas embargadas, uma disse ter conhecido o pai em 2007 após vários anos de procura e de insistência com a sua mãe.
Explicou que o pai emigrante moçambicano lhe deixou com a mãe quando ainda era bebé e nunca mais deu sinal de vida.
A mais nova teve sorte em relação a todos os outros irmãos. Nasceu e cresceu a ver o pai em casa até perder a vida.
Ntombifuthi Levi Mandlazi disse que se sentia mal, porque os seus irmãos de outras mães nunca viram o pai. “Eles não conheceram o papá. Eu conheci-lhe, porque vivia connosco na mesma casa. Ia trabalhar e regressava à casa e vivia connosco. Não sabíamos que tinha outros filhos”.
Para o marido de Pinky, a descoberta da família paterna da sua esposa é boa notícia que alivia a carga emocional.
Mas o jovem sul-africano diz que o assunto de lobolo ou dote está encerrado porque tudo foi pago à família materna da sua esposa.
A tia materna de Pinky manifestou-se satisfeita com o desfecho da campanha de procura do seu cunhado emigrante, embora o visado tenha perdido a vida há quatro anos.
Alvina Massinga acredita que doravante a vida dos seus sobrinhos será melhor.
“Estes filhos sofriam e nem dormiam…agora que pisaram aqui se calhar a sua vida vai andar bem”, vacticinou Alvina, irmã mais nova de Maria Massinga.
Segundo os dois irmãos de Levi Estêvão Mandlazi, com o uso massivo das tecnologias de informação e redes sociais mais filhos crescidos do malogrado e laborioso Levi poderão aparecer, cada um à sua maneira.
“Serão bem-vindos na família Mandlazi”, garantiram os irmãos do finado Levi Mandlazi.
Os dois irmãos estão radicados na África do Sul na região de Ekangala, leste da cidade de Pretória.
Thangani wa Tiyani