África – Aspirações adiadas
África celebrou 57 anos da criação da Organização da Unidade Africana (OUA), a 25 de Maio de 1963 em Addis-Abeba, capital etíope.
A OUA desempenhou papel-chave na mobilização de apoios internos e internacionais para a luta contra o colonialismo europeu e foi bem-sucedida, porque 54 países estão total e complemente independentes, alguns há mais de 50 anos.
Entretanto, o Sahara Ocidental e algumas pequenas ilhas estão ainda ocupadas por Marrocos, outro país africano e França.
A Organização da Unidade Africana evoluiu e foi substituída pela União Africana, que herdou tudo da OUA e fez lista de sete aspirações para africanos alcançarem até 2063.
Algumas aspirações têm horizonte temporal de cumprimento.
Por exemplo, aqueles que conceberam as aspirações previam ou queriam que até este 2020 termine o troar das armas em conflitos armados, cesse a ocupação de todos os países e territórios africanos. Porém, estamos quase no meio de 2020 e tudo indica que estas aspirações não vão ser cumpridas.
A diplomacia africana apresenta uma montanha de argumentos para aquilo que já é considerado mais um fracasso ou sonho adiado em África, por africanos, alegando que a indicação de 2020 para o silenciar das armas e fim de ocupações ilegais é uma visão que pode ser cumprida a qualquer momento, tarde ou cedo.
A maioria das causas de troar das armas em África e particularmente na minha aldeia, é conhecida; pobreza extrema e corrupção generalizada beneficiando um punhado de dirigentes e seus afilhados em detrimento da maioria da população.
Conflitos armados exacerbam a pobreza, mas enchem bolsos de generais cães de guerra.
O argumento da diplomacia de que as aspirações são visão e não prazos rígidos pode ser manobra para evitar a responsabilização pelo incumprimento.
África é rica e muita rica, mas pobre e muito empobrecida.
Contas preliminares indicam que a pandemia de COVID-19 que ainda não chegou ao pico em África pode provocar atraso de desenvolvimento em três ou cinco anos se terminar até final de 2020 e caso se prolongue o atraso pode ser maior.
O orgulho de sermos africanos está a ser atrofiado pela falta de hospitais para tratar doenças endémicas curáveis, por falta de boas estradas para a livre circulação de pessoas e bens, por falta de ensino de qualidade para produzir cientistas de classe mundial.
África, o meu, o seu e o nosso continente tem tudo para dar certo, mas faltam dirigentes à altura dos desafios.
O berço da humanidade precisa de mais uma generosidade divina.
Tem centenas de milhares de almas clamando pela misericórdia.
Que Deus ou Allah, todo poderoso, nos oiça hoje, amanhã e sempre.
THANGANI WA TIYANI
THANGANI WA TIYANI *
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 27 de Maio de 2020, na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE
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