Uns alegres outros tristes

É esta, invariavelmente, a sina da vida, e com a inauguração da ponte Maputo/KaTembe e suas estradas o cenário não podia ser diferente: traz alegria para uns e tristeza para outros.

Reina muita alegria, por exemplo, na maioria dos maputenses que já cruzam a baía sem muitos condicionalismos, principalmente no que a horários tange, porque quanto aos custos…

Reina, igualmente, muita alegria para os operadores turísticos que poderão explorar as potencialidades do sector nos dois lados da baía.

Os agentes da esfera de restauração na KaTembe assumem que têm registado uma afluência descomunal de há uma semana a esta parte, assegurando encaixes financeiros jamais registados.

Atitudes pouco recomendadas sobre a ponte logo no dia da sua inauguração
Atitudes pouco recomendadas sobre a ponte logo no dia da sua inauguração

Já há queda de preços praticados nas pequenas embarcações de passageiros que fazem Maputo/KaTembe e vice-versa e o ferry boat anda às moscas, para a tristeza dos donos/gestores e felicidade dos utilizadores.

No entanto, alguns operadores turísticos e residentes na paradisíaca região turísticas de Ponta do Ouro estão mergulhados num misto de satisfação e cepticismo com a nova realidade.

Satisfeitos se assumem alguns operadores turísticos com quem conversei porque poderão aumentar a renda, mas cépticos relativamente ao “nível” de clientela que para lá tem demandado, nos últimos tempos.

Alguns dos residentes se queixam do risco da “degradação da qualidade de vida” na região, onde rareava a bandidagem e o boçalismo, coisas de que não se pode ter certeza para os próximos tempos.

Definitivamente tristes estão os nossos vizinhos eMaswati (de eSwatini, antiga Swazilândia), por vários motivos, a saber:

Um dos momentos da inauguração da ponte Maputo KaTembe
Um dos momentos da inauguração da ponte Maputo KaTembe

As autoridades rodoviárias de eSwatini já se ressentem de reduzido número de viaturas que cruzam a zona fronteiriça de Goba/Mhlumeni e Golela/Lavumisa (lado sul-africano) de e para Moçambique, indo a África do Sul ou mesmo para o reino montanhoso vizinho.

Referir que o eSwatini é o único país que taxa viaturas à entrada nos postos fronteiriços (não menos de vinte eMalangueni (moeda local que tem a mesma paridade com o Rand sul-africano (cerca de 85 meticais) no mínimo, para além dos, na sua maioria, muito arrogantes agentes da polícia e da autoridade tributária daquele território.

Não estou a ver algum “voluntário” moçambicano, por estes dias, a prescindir da nova rodovia (Maputo/Ponta do Ouro/Kosi Bay), mais rápida e confortável, para ir aturar aquele péssimo ambiente acrescido a uns super-degradados cerca de 80 quilómetros de secção de estrada entre Siteki e Big Bend, no eSwatini, com muito gado a pastar nas bermas da esburacada estrada e sempre se movimentando na rodovia de um lado para o outro, que se percorrem por pouco mais de uma hora…

Efectivamente aqui está um monumento à máxima segundo a qual a alegria de uns e tristeza de outros.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 16 de Novembro de 2018 na rubrica semanal TIKU 15!

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