Algumas dicas para o incitamento à violência colectiva
Os que estudaram os princípios básicos da corrente fisiocrata estarão recordados de uma das suas máximas, segundo a qual uma semente é capaz de gerar mil. É justamente por isso que estou aqui para dar o meu humilde contributo.
Ciente de que vivemos num momento de corre corre e necessidades acrescidas, nada melhor que dar uma mão a quem, eventualmente, necessite, de forma desinteressada.
Vamos, então, supor que estamos num “restaurante” onde se servem os melhores “pratos” de incitamento à violência colectiva, e o camarada aqui ao lado está com dificuldades de fazer a sua opção. Confesso que não serei abrangente, mas aqui vão as minhas singelas sugestões, sem obedecer a regra alguma:
Pode contribuir para o incitamento à violência colectiva bastando
– Cobrar impostos e/ou taxas sem retorno algum para os pagantes, vulgo contribuintes.
– Dificultar ao máximo a vida de quem pretende pagar esses mesmos impostos e/ou taxas [intermináveis filas, alegadas falta de “sistema” e tratamento desprezível pelos burocratas responsáveis por esta função].
– Manter crianças do cidadão vulgar a estudar em situações deploráveis.
– Não providenciar uma rede viária e de transportes colectivos à altura para o cidadão comum.
– Receber e desviar donativos destinados a pessoas carentes.
– Fingir cegueira perante proliferação de agentes da autoridade constantemente sedentos e em incansável busca de “refresco”.
– Organizar e realizar, ciclicamente, “eleições” fraudulentas.
– Fingir cegueira perante proliferação de esquadrões da morte e raptores.
– Assobiar para o lado perante um Estado que impõe e exige cumprimento rigoroso de prazos, mas ele [o tal Estado] não cumpre a parte que lhe toca, sob os mais variados pretextos.
– O incitamento à violência colectiva pode também ser animado através de esquemas na base dos quais o senhor Lima, destacado membro do partido governamental, possua mais de uma dezena de viaturas topo de gama e igual ou maior número de apartamentos ou vivendas a nível nacional, enquanto o Macuvele, se consegue importar um carro em segunda mão a 200 mil meticais, deve pagar igual valor ou um pouco mais pelas taxas alfandegárias.
– Igualmente o incitamento à violência colectiva é quando o senhor Muholove recebe como ordenado mensal menos de dez mil meticais, enquanto o senhor “Sua Excelência” Mulungo recebe numa única viagem de menos de uma semana, de pocket money, qualquer coisa como 400 mil meticais.
– Ou anunciar que há segurança para os trabalhadores, docentes e discentes levarem a sua vida normal e quando se fizerem às ruas são atingidas para balas perdidas.
– Convocar manifestações nominalmente “pacíficas”, mas efectivamente violentas, grosso modo porque acéfalas no terreno e vulneráveis de oportunistas.
– Enaltecer seus direitos e espezinhar os direitos dos restantes que não alinham com a sua narrativa.
– Faz parte de incitamento à violência colectiva quando mesmo com um programa sustentado, o país recebe, no mercado grossista do Zimpeto, em média diária, seis camiões-cavalo de verduras oriundos de duas províncias da África do Sul- Mpumalanga e Limpopo [3,7 milhões de hectares de terra arável], para alimentar quase todo o Moçambique [35 milhões de hectares de terra arável].
– Não garantir segurança a empreendedores que no dia seguinte às “marchas pacíficas” encontram os seus estabelecimentos saqueados por vândalos sem rosto.
– Ao violar, por omissão, os mais variados direitos fundamentais dos cidadãos. [E se alguém um dia decidir accionar o Artigo 81 da CRM]!
– Quando deliberadamente se confunde Estado do Governo.
– Manter uma paz podre.
– Quando o banco central emite ordens cujo cumprimento não sincroniza com o desempenho das instituições estatais [escrevo esta sugestão enquanto milhentas de contas bancárias de entidades singulares e colectivas estão bloqueadas resultante de decisões/ordens desmioladas].
– Quando se banaliza a morte.
– Quando um indivíduo ou grupo minúsculo explora para si recursos naturais que, em princípio, deviam beneficiar ao país.
– Quando a “mamã” não sei quantas tem, algures, um Posto Transformador (vulgo PT) de electricidade para seu uso exclusivo, enquanto o povão partilha uma linha débil da mesma energia eléctrica
– Fazer da Educação [que devia servir de base para o povo tomar o poder] e da Saúde [que era suporto ser o maior valor] luxos e não direitos fundamentais.
– Não pagar regularmente aos professores e profissionais de saúde.
Perante isto, sob qualquer pretexto – para já burla eleitoral – seja quem for pode se aproveitar da saturação popular para fazer papel de salvador e arrastar milhões daqueles que levam vidas miseráveis, perante uma minoria a chafurdar na extravagância. Este, nem que atire uma beata acesa para uma bomba de combustível será aplaudido…
Os seguidores dos populistas não são fruto de geração espontânea. São produto de sucessivas falhas e omissões de muitos decisores de políticas públicas. São resultado da incapacidade de escutar as necessidades reais das pessoas.
Como diz Jean Bodin: “não há nada que alguém ganhe e que outrem não perca”.
Lamento não puder alistar mais “propostas”, para não cansar aos “degustantes”.
Estou a falar só!
A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras! Digo/escrevo isto porque ainda creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá, eternamente.
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 15 de Novembro de 2024, na rubrica TIKU 15.
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