Ali Mabondo
Ali Mabondo é o nome repetido pelos protagonistas dos mais recentes ataques em algumas regiões de Cabo Delgado, como sendo o do actual líder dos chamados insurgentes activos no Norte de Moçambique desde 5 de Outubro de 2017.
Dizem os integrantes das células armadas presumivelmente de inspiração islâmica que Ali Mabondo sucedeu ao Bonomade Machude Omar, também conhecido como “Ibn Omar”, oficialmente morto em combate pelas tropas do Governo de Moçambique e seus aliados em Agosto de 2023, na chefia do grupo.
Mabondo é tido por pessoas que conhecem alguns integrantes dos chamadas al shaababs de Moçambique como “amicíssimo” de Ibn Omar e ambos são naturais de Mocímboa da Praia.
Publicamente as esferas castrense e securitária ainda não fizeram nenhum comentário sobre a figura de Mabondo.
Recorde-se que, após a eliminação de Ibn Omar, o movimento que era por si liderado iniciou uma vaga de ataques indiscriminados, modus operandi que caracterizou os primeiros anos da insurreição, abandonando a procura de relações “pacíficas” com as comunidades locais.
Os avistamentos e abordagens às aldeias sem violência apontavam para a intenção do grupo na criação de uma “katibat”, região controlada pelos insurgentes onde vigoraria a “sharia” (lei islâmica), adoptando métodos de guerrilha.
As nossas fontes deram a conhecer que deliberadamente os atacantes repetem o nome de Ali Mabondo, como sendo o actual líder dos activistas armados de inspiração islâmica.
Entretanto, de algumas fontes emergem algumas nuances e interpretações em torno das novas incursões desencadeadas pelos chamados “insurgentes” em alguns distritos da província de Cabo Delgado, em finais de 2023 e primeira semana deste 2024 (Redactor N.° 6729, págs. 1 e 2).
Analistas no terreno que falaram ao Redactor, na condição de anonimato, referem que os ataques podem ter três objectivos principais, a saber:
– Ao visar essencialmente alvos militares, designadamente casernas, em acções aparentemente bem coordenadas, os atacantes podem estar em busca de armamento, presumivelmente para equipar novos integrantes da rede dos al-shaababs.
– Pouco provável é a tese de que podem existir alguns interessados em forçar a continuação das tropas da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral ─ SAMIM.
Esta missão deve, na base do actual calendário, começar a desmontar as tendas e regressar às origens em meados deste 2024.
– Pressionar a alegada Comissão de Negociações com os insurgentes (ver edição PDF do jornal Redactor N.° 6576 de 26 de Maio de 2023) para acelerar o ritmo das suas actividades.
Há um detalhe a reter no modus operandi dos atacantes, aparentemente visando baralhar a situação e gerar desconfianças: sempre que “visitam” regiões insulares raramente executam civis. Alegam que consideram os ilhéus seus “familiares”, o que pode levar alguns militares a partirem para represálias injustas e desnecessárias.
Redactor
Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 10 de Janeiro de 2024.
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