Alternativas sem fumo

Alternativas sem fumo  – A redução dos danos do tabaco, através do uso de produtos sem fumo cientificamente comprovados, pode beneficiar a saúde pública, alterando, significativamente, o fardo global de doenças causadas pelo fumo do tabaco. A tese é de especialistas internacionais em saúde, que falavam no dia 28 de Setembro, numa declaração a jornalistas.

A declaração fazia parte de uma conferência científica internacional denominada, “Da Ciência ao Leito do Paciente”, que teve lugar em Nessebar, na Bulgária, o país que lidera o ranking de casos cardio-vasculares na União Europeia (UE).

A Conferência contou com mais de 50 participantes de cerca de 20 países.

Num encontro virtual com jornalistas, no final da conferência, proeminentes cardiologistas, pneumologistas e toxicologistas da UE e da Rússia forneceram uma visão geral das tendências mais recentes e evidências científicas relacionadas ao tabagismo e à redução dos danos do tabaco. 

Eles ressaltaram que fumar leva a um maior risco de ataque cardíaco e hipertensão, enquanto as alternativas sem fumo podem ajudar a reduzir os danos do tabaco.

Acrescentaram que os casos cardio-vasculares, as infecções pulmonares, o cancro e outras doenças relacionadas ao fumo, podem ser, seriamente diminuídos, se os pacientes pararem de fumar ou mudarem para alternativas de aquecimento sem queima de cigarros.

“Parar de fumar é a melhor e mais eficaz forma de reduzir o risco cardio-vascular”

O Prof. Borislav Georgiev, chefe da Clínica de Cardiologia do Hospital Nacional de Cardiologia de Sofia, na Bulgária, foi o moderador do evento.

Na sua intervenção, destacou a necessidade de convencer as pessoas a pararem de fumar, tendo em conta os danos que o fumo representa para o ser humano.

“A cessação do tabagismo prolonga a vida das pessoas e temos de fazer o nosso melhor para persuadir os fumadores a parar, porque o fumo é prejudicial para todos os órgãos e sistemas humanos”, advertiu.

Acrescentou que cerca de 60% dos fumadores desejam parar de fumar após um evento cardio-vascular, mas, infelizmente, não conseguem.

O especialista também dissipou o equívoco que considerou comum, de que reduzir o número de cigarros fumados por dia, reduz o risco de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo.

“Isso não é verdade; o risco só diminui anos depois de parar de fumar”, afirmou, defendendo que o melhor mesmo é deixar o vício de fumar.

Mas reconheceu que para quem não consegue parar de fumar, a alternativa é mudar para produtos de aquecimento de tabaco e cigarros electrónicos.

“O cigarro é o maior inimigo do coração”

Por sua vez, o vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Aterosclerose da Rússia, Prof. Victor Gurveich, considerou o cigarro como o maior inimigo do coração.

Apresentou dados do estudo INTERHEART, sobre a ligação entre o tabagismo e doenças cardiovasculares, e explicou que o tabagismo é a razão de 36% da população estar em risco de infarto do miocárdio.

Sua incidência, disse, “é seis vezes maior em mulheres e três em homens que fumam um maço de cigarros por dia, em comparação com os não fumadores”.

Gurveich disse estar claro que não é a pressão arterial que é o maior inimigo do coração, mas sim o cigarro.

Explicou que depois de parar de fumar, o risco de um segundo infarto é duplamente reduzido após um ano e, após dois anos, esse risco é o mesmo que em não fumadores.

Gurveich frisou que os pacientes devem parar de fumar completamente. “Mas, em muitos casos, mesmo quando estão em grave perigo, muitos deles não conseguem superar o vício da nicotina”, observou, defendendo que os produtos de tabaco aquecidos e cigarros electrónicos são a melhor saída para quem não consegue parar de fumar.

Para Gurveich, apesar do amplo debate a favor e contra os cigarros electrónicos, há argumentos científicos que justificam a mudança para uso de tabaco aquecido, pois, apresenta menos riscos à saúde.

Destacou que está a aumentar a percentagem de usuários que param de fumar com sucesso, devido ao uso de dispositivos de aquecimento de tabaco, e acrescentou que muitos estudos independentes mostram que o principal problema do tabagismo não é a nicotina, que causa dependência e não é isenta de riscos, mas a combustão.

É que milhares de substâncias nocivas são libertadas no fumo do cigarro, quando o tabaco é queimado, e são quase total ou parcialmente eliminadas no aerossol do Sistema de Aquecimento de Tabaco IQOS, por exemplo.

Em 2019, a Agência Americana para a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) autorizou a comercialização do IQOS no mercado dos Estados Unidos. Trata-se de um sistema de aquecimento de tabaco da Phillip Morris International (PMI), um dos maiores produtores mundiais de tabaco e seus derivados.

Considerada a maior inovação de sempre no sector do tabaco, o IQOS foi o primeiro dispositivo electrónico com nicotina a obter autorização de comercialização através do processo de MRTP (Modified Risk Tobaco Product), da FDA.

Em vez de queimar, o IQOS aquece o tabaco, o que substitui completamente os cigarros convencionais, reduzindo significativamente a exposição do organismo a constituintes químicos nocivos ou potencialmente nocivos.

Ao autorizar a sua comercialização, em Julho de 2020, como um produto de tabaco de risco modificado, a FDA considerou o IQOS apropriado para a promoção da saúde pública. Na altura, o CEO da PMI, André Calantzopoulos, também considerou a decisão da FDA como um marco histórico para a saúde pública.

Um dos relatos mais brutais sobre os danos do tabaco, no encontro com jornalistas, foi apresentado pelo cardiologista húngaro, Emil Toldy-Schedel.

Toldy-Schedel disse que mais de seis milhões de fumadores morrem, todos os dias, de doenças relacionadas com o fumo do tabaco, e que mais de 10% das mortes são de pessoas com 30 anos ou mais.

“Fumadores vivem menos 10 anos”

Segundo Toldy-Schedel, um terço das mortes cardio-vasculares se devem ao tabagismo, num quadro em que a esperança de vida dos fumadores é reduzida em 10 anos. “Isso é muito”, observou o cardiologista.

Estudos também mostram que a esperança de vida dos fumadores é reduzida em cerca de 20% em comparação com a de não fumadores.

Isso, prosseguiu, indica, claramente, que algo precisa de ser feito para mudar a situação.

“O problema é que apenas 5% das pessoas conseguem parar de fumar, permanentemente sem ajuda adicional”, acrescentou, considerando a percentagem muito baixa.

Para Toldy-Schedel, que é também presidente da Sociedade Médica para Redução de Danos na Hungria e director-geral do Hospital de St.Francis, em Budapeste, este cenário torna imperativo tomar medidas, numa altura em que as estatísticas globais continuam a piorar.

Embora a prevenção venha em primeiro lugar, Toldy-Schedel nota que algumas pessoas, mesmo quando estão em risco, não conseguem parar de fumar.

“Mais de 48% dos pacientes com doença cardíaca coronária continuam a fumar; 72% dos pacientes com doença arterial periférica e mais de 57% dos pacientes com AVC (Acidente Vascular Cerebral) continuam a fumar após o AVC, o que é uma percentagem incrivelmente alta”, referiu Toldy-Schedel, para quem é preciso considerar uma abordagem que “não deixe esses pacientes para trás ”.

“Alternativas sem fumo reduzem as infecções pulmonares”

O pneumologista austríaco, Wolfgang Popp, afirmou que o uso de produtos alternativos ao fumo, que apresentam risco reduzido, pode contribuir para o melhor controlo de doenças respiratórias crónicas em consumidores.

“A redução dos danos resultantes do consumo do tabaco nas doenças pulmonares está ligada à redução das substâncias tóxicas. A redução do monóxido de carbono também é importante para doenças cardio-vasculares. A redução de substâncias cancerígenas também é importante. Isso resulta na diminuição do número de infecções”, disse, apontando como exemplo a doença pulmonar obstrutiva crónica e o cancro, mais especificamente, o cancro do pulmão, que é um problema sério.

A Suécia é considerada um bom exemplo na redução dos danos causados pelo consumo do tabaco. O país relata apenas 7-8% de fumadores entre a sua população, ao mesmo tempo que regista uma significativa baixa incidência de cancro e doenças cardio-vasculares, em comparação com outros países europeus.

Este desempenho é associado ao uso do Snus sueco, um instrumento de aplicação oral de tabaco, que é permitido e comumente utilizado no país.

“Quando o tabaco não é queimado, o cancro, e talvez o risco de doença pulmonar obstrutiva crónica podem ser significativamente reduzidos e a progressão da doença e das infecções pulmonares resultantes do fumo podem ser retardadas”, disse Popp.

Usar evidências científicas para reduzir danos

Na sua intervenção, o Prof. Georgi Momekov, presidente da Sociedade Científica de farmácia da Bulgária, deu resposta a uma das perguntas mais candentes sobre a matéria: porque é que as pessoas têm dificuldades em parar de fumar?

Segundo ele, essa dificuldade deve-se à nicotina, que causa dependência.

“O tabagismo é a forma mais prejudicial de liberação de nicotina (…). A dependência é desencadeada por certos centros cerebrais e a satisfação é criada por uma única molécula – a da nicotina”, elucidou.

Acrescentou que o tabaco é como um “copo móvel”, como um “pequeno reactor químico”, com mais de sete mil substâncias nocivas e potencialmente nocivas, que são formadas na fumaça, muitas das quais são cancerígenas.

Essas substâncias são emitidas no processo de combustão do tabaco, mas os fumadores precisam de nicotina e não de nenhuma dessas substâncias formadas na fumaça durante a queima do tabaco.

Momekov sublinhou que o desenvolvimento de alternativas sem fumo e de formas menos prejudiciais de administração de nicotina pode permitir a obtenção da nicotina enquanto se reduz o risco para a saúde.

“Isso foi demonstrado em muitos estudos independentes de institutos e agências internacionais de pesquisa”, afirmou.

Uma dessas Agências é a Public Health England, que apresentou argumentos a favor do risco reduzido de cigarros electrónicos e alternativas livres de fumo, como os aparelhos de aquecimento do tabaco.

De acordo com os relatórios de 2017 e 2018 da Agência Britânica da Saúde, a nocividade dos cigarros electrónicos é 95% menor do que a dos cigarros combustíveis tradicionais, e os aparelhos de aquecimento do tabaco também reduzem a exposição a substâncias nocivas de usuários e transeuntes, em comparação com os cigarros.

Em 2019, os pesquisadores britânicos recomendaram que os cigarros electrónicos combinados com o suporte para cessação fossem disponibilizados a todos os fumadores dispostos a parar.

Outro relatório do Comité de Ciência e Tecnologia, baseado em 100 dados de evidências, conclui que o vapor dos cigarros electrónicos não contém alcatrão e monóxido de carbono, que são os componentes mais perigosos da fumaça do cigarro, formada pela queima do tabaco em cigarros convencionais, explicou o Prof. Momekov.

O Instituto Nacional de Saúde Pública e Meio Ambiente (RIVM) da Holanda também concluiu, no seu relatório, que embora não isento de riscos, o uso de sistemas de aquecimento de tabaco resulta em uma exposição 10 a 25 vezes menor a agentes cancerígenos, o que pode melhorar, significativamente, o perfil de risco em comparação com os cigarros.

As análises do Instituto Federal de Avaliação de Riscos da Alemanha (BfR) também concluíram que a redução das toxinas contidas no aerossol dos dispositivos de aquecimento, provavelmente resultará na redução da exposição a essas toxinas. (Alternativas sem fumo)

Phillip Morris International

Compartilhe o conhecimento
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  
  •  

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *