RAS: Anarquia nas estradas

Anarquia é crime nas estradas sul-africanas.  (… na ilusão da vossa vitória…mudarão a ordem das coisas, passando a cagar onde deviam comer e a comer onde deviam cagar. A desordem será de tal ordem…) in Ualalapi – pág. 82, do escritor moçambicano Ungulani ba ka Kossa ou Francisco Esaú Khossa.

O regime minoritário e racista da África do Sul caiu em 1994, após várias dezenas de anos de discriminação e repressão contra a maioria negra no país.

Com a ilusão da vitória, sul-africanos acreditavam que eram os melhores de África, continente dilacerado por conflitos armados, doenças endémicas, analfabetismo e pobreza agravada pela corrupção tolerada e promovida por elites dirigentes depois da proclamação de independências a partir da década de 1960.

Hoje, 25 anos depois da queda do regime racista e repressivo do apartheid, a qualidade de vida aspirada por todos os sul-africanos no país mais industrializado no continente africano permanece ilusão para a maioria e realidade para um punhado de clever blacks – negros espertos – no poder com seus familiares, amigos e companhia com CVs de combatentes pela liberdade.

Entretanto, nas vias públicas dentro e fora dos centros urbanos a anarquia instalou-se comodamente contra tudo e todos.

A indústria de transportes semi-colectivo emprega mais de 600 mil pessoas e movimenta 15 milhões de passageiros por dia.

No entanto, a maior parte de anarquia registada nas vias públicas é gerada por operadores deste sector da indústria de transportes.

Dados da Organização Mundial da Saúde (2010) indicam que cerca de um milhão de acidentes rodoviários ocorrem em média por dia na África do Sul colocando o país com um dos piores registos de segurança rodoviária no Mundo, com cerca de 32 óbitos em cada 100 mil habitantes.

A África do Sul tem a melhor rede de estradas em África, mas em outros países africanos a média de fatalidades é de 24 óbitos por 100 mil habitantes e a média global é de 18 em cada 100 mil habitantes.

A violação sistemática de sinais de trânsito nos principais centros urbanos sul-africanos, com Joanesburgo no topo, acontece à luz do dia e às vezes à vista de agentes da Polícia.

Tornou-se normal motoristas de minibuses transportando passageiros ignorarem sinal vermelho de semáforos em quase todas as intersecções na chamada cidade de ouro.

Este tipo de transporte pára em qualquer sítio ao longo de estrada para carregar ou descarregar passageiros, bloqueando o fluxo de tráfego.

Durante o regime racista do apartheid havia alguma ordem, disciplina de ferro e respeito nas vias públicas, excepto casos de desobediência de motivação política contra agentes do Estado racista.

Porém, hoje, na ilusão da vitória sul-africanos mudaram a ordem das coisas. Agentes de autoridade do Estado passaram a respeitar anarquistas criminosos em vias públicas.

Em alguns casos, anarquistas e criminosos estão ao serviço de agentes da corporação da lei e ordem e no final do dia partilham a receita do crime.

O restabelecimento da ordem e disciplina nas vias públicas sul-africanas vai exigir outra guerra e outros heróis no futuro.

THANGANI WA TIYANI

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 05 de Junho de 2019, na rubrica semanal denominada O RANCOR DO POBRE

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