Araújo “bate-se” com Nyusi

Foram muito mal recebidos pela generalidade da crítica os comentários do presidente do partido Frelimo e Chefe de Estado, Filipe Nyusi, sobre a situação da (falta de) higiene na cidade de Quelimane, actualmente dirigida por Manuel Araújo, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Dirigindo-se aos presentes que testemunharam a inauguração do Hospital Provincial da Zambézia (HPZ), em Quelimane, na passada semana, Nyusi  comentou que “a cidade de Quelimane está muito suja”.

Em resposta, Manuel Araújo apelou a Filipe Nyusi para se preocupar com o descalabro do país em termos financeiros, políticos e militares e, em tom irónico, propôs ao Chefe de Estado “a troca de posições por três meses”.

A cidade de Quelimane está muito suja. É verdade que a recolha e tratamento do lixo são da responsabilidade do Conselho Municipal, mas temos de tornar mais limpos os locais onde vivemos; há coisas que dependem de nós e que devemos evitar”, comentou o Chefe de Estado.

Antes de aderir ao MDM, Manuel Araújo foi membro sénior do partido Renamo, através do qual entrou pela primeira vez na Assembleia da República, como deputado. Ele é cunhado da sobrinha de Afonso Dhlakama.

A construção do HPZ, um esforço sem igual desde a proclamação da independência de Moçambique em 1975,  com 600 camas, absorveu 80 milhões de dólares norte-americanos (cerca de 6.400 milhões de meticais).

Manuel Araújo reage

Em resposta às críticas de Nyusi, o edil de Quelimane, Manuel Araújo, colocou no seu espaço na rede social Facebook a seguinte mensagem:

Obrigado, Presidente! Vamos melhorar as lentes dos óculos! Entretanto, rogo que se concentre na busca da paz, e a tirar o nosso país da bancarrota! Depois trataremos do lixo!

Querendo, Camarada Presidente, podemos trocar de posições! Excia fica a gerir o lixo municipal de Quelimane por três meses e (eu) trato das dívidas da Ematum, MAM e Proinducus! E em três meses trago a paz!

Araújo “bate-se” com Nyusi
Post de Manuel Araújo no seu espaço no Facebook

Mais críticas

São numerosos os comentários aos comentários de Nyusi sobre a questão da higiene em Quelimane, grosso modo cáusticos e por alguns considerados “ataques políticos” de Nyusi, presidente do partido Frelimo, ao MDM, no poder em Quelimane.

Goste-se ou não do Manuel Araújo, Nyusi encontrou neste o escudo para se defender, desanuviar a imensa tensão que recai sobre si, como Presidente da República. Ou seja, ao referir que Quelimane é uma lixeira, Nyusi o fez consciente de que iria com isso desviar/desanuviar a pressão sobre as questões vitais, como a guerra, a recessão económica e o isolamento do Ocidente sobre o seu Governo, unindo com isso os membros do seu partido. É como se na sua contestação (na verdade concentração “na defesa”) abrisse a cartola e encontrasse nela a resposta para todos os obstáculos que enfermam o progresso do país. O método de concentração no “ataque” postulado por Nyusi parece ingénuo, mas não é. É como se todos os males sobreditos provissem hipoteticamente de Quelimane.
E o que tem de interessante neste princípio lançado por Nyusi? Durante algumas horas deixar-se-á de alegar contra ele sobre os actos preparatórios do assassinato a (Afonso) Dhlakama, que estavam em curso, mas que foram suspensos quando os mediadores, usados para o atrair da parte incerta a uma zona determinada onde o acto (homicídio) iria ter lugar, foram alertados por Dhlakama que o encontro estava concelado e que regressassem a Maputo. 

E o quê Manuel Araújo tem a ver com Dhlakama? Simples. É aparentado, do lado da esposa, com Ivone Soares, como se sabe, sobrinha de Afonso Dhlakama”, escreveu, por exemplo, Adelino Timóteo, também usando o Facebook.

Outros internautos juntaram-se ao coro condenando os comentários de Nyusi em relação à higiene (ou falta dela) em Quelimane, alguns dos quais impróprios para transcrevê-los neste diário, por motivos de pudor.

 

Redacção

 

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