Arlindo Chissale acusado de crime de terrorismo

Arlindo Chissale, jornalista e editor do portal online “Pinnacle News”, dado como “desaparecido” desde 25 de Outubro passado, está, afinal, sob custódia das autoridades moçambicanas e hoje o Ministério Público disse que o mesmo é acusado de colaboração com os terroristas que desde Outubro de 2017 desencadeiam ataques armados violentíssimos na província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique.

A revelação do Ministério Público foi transmitida esta quinta-feira (03Out2022) em Pemba, capital de Cabo Delgado, pelo porta-voz desta instituição, Gilroy Fazenda, em conferência de imprensa expressamente convocada para o efeito.

Gilroy Fazenda disse que Arlindo Chissale, baseado em Nampula, não foi detido pelas autoridades policiais “como jornalista”, mas sim por suspeitas de envolvimento em actos de terrorismo no distrito de Balama, província de Cabo Delgado, região Norte de Moçambique.

“Ele foi detido como um cidadão em conexão com o crime de terrorismo com particular destaque para a recolha de informação para a prática de actos terroristas, e o tratamento que lhe foi dado é tendo em conta os factos que estão em nossa disposição”, prosseguiu Gilroy Fazenda.

O porta-voz do Ministério Pública em Cabo Delgado especificou que “o que aconteceu foi que o Comando Distrital da PRM de Balama, recebeu várias denúncias que davam conta de que havia um indivíduo que estava a poucos quilómetros da sede do distrito que se dirigiu a uma estância turística e pretendia arrendar todos os quartos”.

“Na negociação com o proprietário este indivíduo exigia que assim que o negócio fosse concluído, todos os quartos fossem imediatamente desocupados”, prosseguiu a fonte.

Gilroy Fazenda acrescentou que Chissale “pretendia trazer pessoal armado da sua confiança, incluindo elementos destinados à sua protecção”.

“Este indivíduo também procurou saber como é que as Forças de Defesa e Segurança se movimentavam naquele distrito”, disse, ainda, Gilroy Fazenda.

De acordo com o informante, após a chegada ao distrito de Balama, Arlindo Chissale teria iniciado “uma ronda de espionagem às instituições públicas”.

Gilroy Fazenda disse ainda que o Ministério Pública está na posse de dados que indicam que por onde passava, Chissale fotografava e fazia registos de vídeo, “incluindo a imagem do Comando Distrital da PRM – Polícia da república de Moçambique”.

A fonte disse que quando Chissale foi interpelado pelos agentes das forças de defesa e segurança disse que era jornalista, mas quando convidado a evidenciar essa qualidade exibiu uma guia passada pelo Instituto de Comunicacao Social, delegação de Nampula, “que caducou em 2020”

Foi então que foi conduzido para um “interrogatório preliminar”.

Já nas instalações policiais e com o prosseguimento do interrogatório Chissale disse que estava em Balama numa “missão sigilosa relacionada com a elevação da vila de Balama a categoria de Município”.

Mais tarde viria a mudar de discurso, afirmando que estava em Balama ao serviço de um partido político da oposição que Fazenda se escusou a mencionar.

Refira-se que, o distrito de Balama faz fronteira com o de Namuno, este último sofreu ataques terrorista na semana finda, onde registaram-se vários óbitos, danos materiais, incluindo dezenas de casas incendiadas.

O auto lavrado pela PRM alude a “falsas qualidades”, passível de um julgamento sumário, mas na acusação a que teve acesso a defesa, providenciada pelo capítulo moçambicano do Media Institute of Southern Africa (MISA), através da sua representação em Cabo Delgado, consta que “e acusado de colaboração com os terroristas”.

Entendidos na matéria dizem que com esta acusação plasmada nos documentos que legalizam a detenção de Arlindo Chissale o jornalista incorre numa pena punível por entre oito a 20 anos de prisão.

Jonas Wazir, representante do núcleo do MISA Moçambique em Cabo Delgado, disse ao Redactor que a sua organização está a prestar toda a assistência legal necessária enquanto profissional da comunicação social.

“O que nós sabemos é que o Arlindo Chissale está ligado a publicação do portal online Pinnacle News e é por isso que activamos um advogado para apoiá-lo como colega”, sublinhou Jonas Wazir.

Redactor

https://bit.ly/3zwuAZU

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