As boladas do camarada chefe

Com licença. Desta vez entramos na sua tela por meio de uma licença, isso caracteriza o nosso respeito por si, caro leitor. A nossa humildade é a primeira acção do dia que alimentamos. Querem reflectir sobre um assunto que destrói o nosso país. Uns chamam de corrupção, outros de crime, eu chamarei de boladas do camarada chefe.

É bem sabido que neste país vivemos de boladas. Há boladas em tudo quanto é canto. Para viajar de carro particular tem de ter bolada, a parte para dar os agentes da Polícia na estrada de modo que não prendam a sua carta de condução; para passear na cidade, há boladas para dar aos agentes da Polícia de Protecção caso não tenha algum documento de identificação. 

Há boladas nas escolas para passar de classe. O professor quer a parte dele. Há boladas nos hospitais para ser bem atendido e boa bolada. Há boladas para pegar “chapa”, tem de marcar uma fila e esperar os colectores lhe autorizarem para entrar, as chamadas entrevistas.

Há boladas na justiça. Ao pobre muitas vezes é negada a justiça; e ao rico é vendida a justiça. Há boladas nessa área e é por isso que os preventivos continuam sem julgamento. E há quem atropela crianças, mas não lhe é feito nada por ser rico. 

Há boladas até no casamento, o chamado lobolo que para casar é preciso vender um rim e ir defeituoso ao lar. Há boladas nas universidades, para o seu orientador ler o seu trabalho, tem de orientar com combustível ou refresco e para defender tem de pagar algum valor. Há boladas em tudo. Mas as boladas do camarada chefe são volumosas.

Para ser nomeado para cargos de chefia, tem de executar alguma bolada. Para manter-se lá, sempre deve haver manutenção das boladas. Por isso quando o chefe grande vai visitar os pequenos, há muita oferta, aquilo é para manter o lugar. Há até boladas nas igrejas. Para o profeta lhe tocar ou orar por ti, tem de mostrar que tem algo melhor a oferecê-lo. 

Mas as boladas do camarada chefe são feitas em biliões de dólares norte-americanos e em contratos fechados nos gabinetes, onde as cabeças dos cidadãos são negociadas como se fossem pêra-abacate. As boladas do camarada chefe vendem o país em segundos e ninguém diz nada e, como forma de calar o povo, usa-se o pobre fardado para ameaçar o miserável sem farda. 

Como travar as boladas do camarada chefe e as demais? Como entender que essas boladas são um caminho para a destruição da nação? Como conscientizar o povo a ser honesto e viver do seu suor sem se aproveitar do alheio? Um país cheio de boladas viverá minguando até que o povo ganhe juízo.

As boladas do camarada chefe são tão perigosas quanto uma dose de um veneno engolida por um indivíduo. Ali no Norte, as boladas foram estabelecidas e ninguém diz nada. Essas boladas mataram muitos irmãos nossos, deslocaram outros e alguns estão com problemas de saúde. Como travar as boladas que estão quase sendo normalizadas?

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 24 de Julho de 2024.

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