Atitudes

Atitudes   – Está aparentemente bem encaminhado o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos elementos da RENAMO, na esteira do chamado Acordo de Paz Definitiva de Agosto de 2019, envolvendo a maior organização política de oposição e o Governo do partido Frelimo em Moçambique.

É sabido que a letra e o espírito do acordo e o próprio DDR estão a ser contestados violentamente por uma ala da RENAMO, encabeçada pelo major-general Mariano Nhongo.

Este homem, que se diz ter sido confidente e da confiança do falecido presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama, alega que o sucessor deste, o general Ossufo Momade, traiu a letra e o espírito do que o malogrado líder negociava, pessoalmente, com o Presidente Filipe Jacinto Nyusi.

Nyusi e o representante do Secretário Geral das Nações Unidas na busca da paz em Moçambique, Mirko Manzoni – que acompanha de perto o dossier -, juram de pés juntos que Momade está a obedecer tudo o que foi negociado por Dhlakama até à sua morte, no dia 03 de Maio de 2018.

Um dos argumentos do Nhongo é a alegada desonestidade e falta de seriedade do Governo/Frelimo ante os sucessivos acordos de paz que assina com a RENAMO, mas Momade contra-argumenta(va) afirmando que desta vez “não falha nada”, como sói dizer-se.

Digo que Momade contra-argumenta(va) porque esta semana começou a mudar de discurso, retomando a velha tese de que há intolerância política e perseguições contra os membros da RENAMO nas zonas Centro e Norte de Moçambique, actos alegadamente protagonizados por membros do partido Frelimo, com apoio dos agentes das Forças de Defesa e Segurança (FDS), alegação que terá, de certo ponto, animado os seguidores de Nhongo.

Todos acompanhamos os comentários dos que estão a ser desmobilizados agora e na sua maioria são “repetentes” neste tipo de processos. Eles declaram porque tal acontece: depois da desmobilização fomos perseguidos e por isso regressamos às matas (citei de memória).

A serem verdadeiras as alegações de Ossufo Momade, se se repetem as causas do fracasso dos anteriores processos, quem nos garante que desta vez não se repetirão as respectivas consequências?

E Nhongo vai dizendo que os que estão a ser desmobilizados agora, mais cedo ou mais tarde regressarão às matas, porque não encontrarão paz nos destinos que estão a seguir, hoje.

Aparentemente, a realidade parece estar a dar razão ao Nhongo.

Não sei quem, entre Nhongo, Nyusi, Momade e Manzoni está coberto de razão no que dizem, mas pelo menos sei que existe um ditado changana que em tradução livre diz que “as atitudes valem mais que as palavras”.

Logo: estamos perante a repetição de um velho “filme”, cujo deslinde igualmente é conhecido.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo intitulado Atitude foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 02 de Outubro de 2020, na rubrica semanal TIKU 15

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