2017: Projecção do BM

O Banco de Moçambique (BM) projectou hoje um crescimento económico de 5,5% e uma inflação de 14% em 2017, sinalizando uma ligeira melhoria dos indicadores económicos, que já começaram a sentir-se no último trimestre deste ano.
“Os desenvolvimentos económicos reportados ao último trimestre do ano indicam uma melhoria dos indicadores, abrindo assim perspectivas mais optimistas para o ano de 2017, sem descurar que continuam elevados os riscos da conjuntura doméstica e internacional”, declarou o governador do BM, Rogério Zandamela, por ocasião do encerramento do ano económico, assinalado na sede do banco central, em Maputo.
O governador do BM referiu que a desvalorização da moeda nacional face ao USD está a diminuir, de 80 meticais em Setembro para os 72 actuais, e reviu a sua previsão anterior da inflação anual, de cerca de 30% para 27% em Dezembro.
“Temos fortes razões para acreditar que a inflação iniciou um ciclo de abrandamento”, afirmou Zandamela, “numa tendência decrescente que prosseguirá em 2017”.
O crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 deverá rondar os 4%, contra os 6,8% registados no ano anterior, segundo o BM, e as reservas internacionais, que estiveram em níveis críticos, com uma cobertura de apenas três meses, aumentaram e cobrem agora 3,5 meses.
“Entre Outubro e Dezembro observámos uma tendência para a venda de divisas ao Banco de Moçambique por iniciativa dos bancos comerciais, totalizando cerca de USD 174 milhões, que não tem comparação com os últimos anos”, observou.
Para 2017, o governador apontou como prioridade o reforço da coordenação de políticas monetárias e fiscais, mas também “resgatar a reputação e a credibilidade do país e das suas instituições, nos planos internacional e doméstico”, numa referência ao escândalo das dívidas escondidas, que levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os parceiros do orçamento do Estado a suspenderem os seus financiamentos.
Nesse sentido, Zandamela elencou a sustentabilidade do crescimento da dívida pública, mas também a paz, para permitir a livre circulação e pessoas e bens, e que a actividade económica decorra normalmente, bem como, “num cenário de imprevisibilidade” dos desembolsos da ajuda externa, o aumento das receitas domésticas.
“Continuaremos a trabalhar em estreita parceria com as instituições do Governo para a rápida retoma do programa com as instituições de Bretton Woods, prioritário para o reforço da confiança junto dos investidores e mercados internacionais e para permitir o retorno dos fluxos de capitais para o país”, destacou.
Outro desafio, prosseguiu, “é tornar os grandes projectos de exploração do gás no norte do país em motor de diversificação da economia”, incorporando pequenas e médias empresas e usando as receitas nas prioridades da agenda nacional.
Depois de o BM ter liquidado o Nosso Banco e realizado uma intervenção no Moza, Zandamela assegurou que a instituição vai também reforçar a supervisão do sistema financeiro.
Rogério Zandamela avançou ainda que está a negociar com a Associação de Bancos de Moçambique a criação de um indexante único para todo o sistema bancário e que reflita as condições de mercado, “visando reforçar a transparência no mecanismo de formação das taxas de juro que os bancos praticam com a sua clientela”.
Através deste indexante, os bancos deverão formar as suas taxas de crédito, devendo os respetivos ‘spreads’ ser amplamente divulgados”, de modo a que os clientes tenham instrumentos transparentes na contratação de cada empréstimo.
Rogério Zandamela espera que a negociação com a Associação de Bancos de Moçambique esteja concluída em breve e implicará o fim do mecanismo atual de indexação das taxas de juro do crédito bancário à taxa mais alta do mercado monetário.

Redacção

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