Barclays perspectiva 2017

O Barclays Bank de Moçambique prevê que este ano não seja “tão mau como 2016” para a economia do país, mas ainda assim difícil.

O prognóstico foi expresso esta segunda-feira em Maputo pelo administrador delegado do banco, Rui Barros.

“Não temos evidência de que a situação económica possa melhorar significativamente durante o ano de 2017”, mas “não esperamos um ano tão mau como 2016”, referiu em resposta aos jornalistas numa conferência de imprensa para apresentação de resultados.

O ano de 2017 é encarado como “um ano difícil” em que “possivelmente, lá mais para a frente, as coisas comecem a melhorar”.

O relatório e contas de 2016 do banco aponta para um crescimento do PIB de Moçambique da ordem de 4,7%, em 2017, e aponta para “sinais de paz efectiva no país” em breve.

“Julgamos que alguns elementos fundamentais de reposicionamento macroeconómico estão a acontecer: vemos algumas medidas do Governo como muito positivas nesse sentido”, referiu o administrador delegado.

Depois de conhecidas as dívidas ocultas do Estado, depois do incumprimento de reembolsos e depreciação das classificações atribuídas por agências de risco de crédito, agora enaltece-se a vontade do executivo em passar a cooperar com todos os agentes para melhorar a situação económica e financeira.

Nota-se também “interesse dos principais parceiros internacionais, sejam doadores, seja o FMI ou Banco Mundial, muito empenhados” em “ajudar o país a encontrar soluções”, acrescentou Rui Barros.

“Estamos confiantes, aguardando, contudo, que surjam os factos”, concluiu.

De acordo com o Relatório e Contas de 2016 do Barclays no país, a escassez de divisas em Moçambique “reduziu significativamente e a pressão por um grande ajuste parece ter-se dissipado”, o que é explicado “pelo aumento das receitas de exportação”.

“As reservas brutas estão em torno de 1,8 mil milhões de dólares norte-americanos”, sem que se espere “qualquer declínio nos próximos tempos”.

O banco continua a esperar “uma ligeira pressão na moeda devido ao grande défice em conta corrente e às incertezas globais”, mas “um novo programa do FMI e o retorno da ajuda de doadores provavelmente reduzirão o ritmo de crescimento da taxa de depreciação”.

O desempenho da economia nacional “esteve claramente abaixo das expectativas, crescendo somente em 3,3% em 2016 (em 2015 tinha sido 6.6%)”, realça o documento.

“Factores externos, tais como a queda dos preços das principais ´commodities‘ [mercadorias] e a queda do investimento directo estrangeiro, assim como factores internos, como as cheias no primeiro trimestre do ano, queda acentuada no apoio financeiro externo ao orçamento do Estado, congelamento do apoio financeiro por parte do FMI associado às dívidas ocultas são as principais causas deste abrandamento”, continua o relatório do Barclays.

Ainda assim, “as oportunidades de investimento e crescimento em Moçambique continuam bastante positivas, com perspectivas ainda encorajadoras para os próximos anos”.

O Barclays vê “sinais de uma paz efectiva em breve e decisões de grande vulto que foram tomadas pelas empresas no sector de gás que poderão catapultar as perspectivas macroeconómicas”, concluiu o documento.

Ganhos milionários

O Barclays Bank de Moçambique apresentou resultados positivos de 575 milhões de meticais após impostos, relativos a 2016, segundo ano consecutivo de lucros do banco.

“O principal factor [a contribuir para os resultados] foi a intermediação financeira, a capacidade de atrair depósitos no mercado e com isso fazer uma aplicação dessa liquidez da forma mais bem gerida, com menor risco”, referiu Rui Barros.

“A aplicação dos depósitos dos nossos clientes” foi a “principal ferramenta” para chegar aos resultados apresentados esta segunda-feira, acrescentou, registados num ano em que Moçambique atravessou uma grave crise.

Os resultados são 86% superiores aos de 2015 que tinham sido de 308 milhões de meticais – sem lugar ao pagamento de impostos, uma vez que sucedia a três anos de prejuízos.

Tal como no último ano, o Barclays de Moçambique decidiu não pagar dividendos e reinvestir os lucros.

De acordo com os dados apresentados esta segunda-feira, a instituição registou um ligeiro aumento de quota de mercado, que está na casa dos 5% tanto ao nível do crédito a clientes, como depósitos e ativos.

Rui Barros destacou a solidez do banco, com um rácio de solvabilidade de 22,5%, ou seja, quase daria para “acomodar três bancos” de acordo com o limite imposto por lei, de 8%.

A solidez é apontada como factor “essencial” num mercado recheado de incertezas como o moçambicano e foi sublinhada apesar do aumento das imparidades em 2016.

O crédito malparado dos clientes particulares disparou, sobretudo, devido à perda de emprego e redução da actividade – logo de rendimentos – mas está devidamente controlado, concluiu.

O Barclays Bank de Moçambique é parte integrante do Barclays África, instituição listada na Bolsa de Valores de Joanesburgo.

Redacção

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