A busca do Chamo
Filhas, netos e bisnetos procuram familiares do seu pai, avô e bisavô Paulo Denguanyane Chamo, que abandonou a família no bairro do Soweto, Joanesburgo, em 1966, e regressou a Moçambique padecendo de tuberculose.
As duas filhas de Paulo Chamo dizem que o seu pai deve ter morrido, mas querem conhecer os seus familiares e o local onde terá sido enterrado em Moçambique.
As duas filhas de Paulo Denguanyane Chamo exibiram a fotografia do seu pai que deixou na África do Sul em 1966 com a esposa, uma sul-africana de nome Sana Mngomezulu, que morreu há 10 anos. O casal teve duas filhas das quais surgiram quatro netos e cinco bisnetos.
As duas irmãs assumem que o seu pai, de 1907, ano registado como de nascimento, deve ter perdido a vida algures em Mocambique.
O então mineiro moçambicano estabelecera residência no bairro do Soweto, arredores de Joanesburgo. As duas filhas têm netos e bisnetos, mas não estão satisfeitas.
Raquel Paulo Chamo, a filha mais nova, 61 anos, diz que não é sofrimento como tal mas querem saber que têm a sua família em Moçambique.
A família deve-se conhecer – defende Raquelvisivelmente emocionada.
Raquel explica que imaginam que o pai deve ter perdido a vida, porque era mais velho que a mãe delas por 10 ou 12 anos, mas querem saber onde foram enterrados os seus restos mortais em Moçambique.
“Queremos saber onde foi enterrado. Queremos o desfecho, porque é muito importante”,salientou Raquel na conversa com a Reportagem do jornal Correio da manhã num restaurante em Sandton onde vive com a família.
Segundo as duas filhas de Paulo Chamo, a preocupação sobre o paradeiro do pai é antiga, mas foi contida durante vários anos, porque a sua mãe evitou ao máximo discutir o assunto com elas até perder a vida, há 10 anos.
Raquel assume que a atitude da mãe pode ter sido provocada pelo facto de o pai, doente de tuberculose contraída nas minas, ter abandonado a família em 1966 para Moçambique e sem jamais regressar.
A esposa ficou a criar as duas crianças sozinha. A partir de Moçambique, Paulo Chamo manteve comunicação com a esposa através de cartas durante cerca de dois anos, mas depois a comunicação foi cortada.
As filhas acreditam que o corte da comunicação pode ter acontecido quando o pai morreu algures em Moçambique.
Em 2012, as duas irmãs foram a Moçambique, tendo escalado a província de Inhambane, à procura da família do seu pai. Contactaram uma rádio local e algumas famílias com o mesmo apelido apareceram, mas aparentemente não tinham relação com Paulo Denguanyane Chamo.
Raquel explica que foram a Inhambane, porque na comunicação entre o pai (em Moçambique) e a mãe (Soweto), o nome da “terra de boa gente” era muito referenciado, mas não têm carta nem outro documento de prova.
Teresa e Raquel querem juntar a família e fechar a história “antes que seja tarde” para todos.
THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL