Capital humano

“… Gila, faz amanhã 50 anos que o General António de Spínola, Presidente da República de Portugal, cedendo às pressões da FRELIMO e dos outros movimentos de libertação das então demais colónias de Portugal, fez a histórica declaração que poderíamos ascender à nossa merecida, porque duramente conquistada, independência, sem submeter o nosso povo ao humilhante referendo para lhe perguntar se queria mesmo libertar-se do colonialismo. Foi num Sábado, 27 de Julho de 1974, depois das 15 horas. Celebrámos bem forte este acontecimento. Lembras-te??!”  

Capital humano é constituído pela qualidade e quantidade de ciência e técnica dominadas pelas pessoas que formam uma colectividade, normalmente um país. O conhecimento e a habilidade individuais são capitais. Quanto maior forem esses capitais de um indivíduo, maiores serão a sua empregabilidade e produtividade, resultando em benefícios económicos futuros para si e para a humanidade como um todo. Eu não erraria muito se definisse Capital Humano como sendo Património Humano.

Para os que têm o cuidado salutar de também encontrarem nos livros sagrados das religiões existentes no mundo, algumas explicações dos problemas que hoje desafiam a nossa necessidade de trazermos o desenvolvimento para o Homem, encontramos em quase todos eles que a instrução dos povos foi sempre uma das suas preocupações primordiais.

Nas três religiões monoteístas e abraâmicas: judaísmo, cristianismo e islão, Deus é professado como criador. Mas, apesar de o Homem ser considerado o sujeito mais importante da divina criação, a sua instrução, educação e formação dentro dos princípios de cada uma das religiões constitui o principal das mesmas. Nas sinagogas, nas catequeses, nas madrassas, os jovens são ensinados os aspectos fundamentais daqueles credos.

Portanto, desde os primórdios da Humanidade, passando pela era anterior e posterior, que os historiadores convencionaram ter Jesus Cristo como marco (“a. C.” e “d.C.”), que o Capital Humano foi sempre levado a sério. Aliás, o Homem evoluiu do paleolítico até ao astronauta que hoje aluna (aterra na lua) porque se vai auto-educando. Não se conforma com as suas conquistas. Faz de uma conquista trampolim para ascensão a patamares mais ousados.

No Deuteronómio, um dos livros mais influentes do Antigo Testamento da Bíblia Cristã, encontramos vários ensinamentos conducentes ao aumento da instrução do Povo. Um deles foi o de adestrar os agricultores a saberem estar numa economia que transitava da troca directa, a permuta, para a do uso da moeda. Esta transição gerou um grave problema social. Os agricultores que tinham trabalhado durante gerações nas terras dos seus antepassados estavam a perdê-las para as classes ricas que lhes emprestavam dinheiro. Várias vezes estes mutuários forçados, não conseguindo liquidar as suas dívidas, sujeitavam-se a serem escravos dos seus credores. Para evitar esta lamentável situação, as autoridades religiosas voltaram as suas armas para a tarefa da instrução, educação e formação do seu Povo.

O Capital Humano, consequentemente, não está estagnado. Está em constante processo evolutivo. Ele é a peça charneira – veio de transmissão – que põe em movimento todos os outros capitais: Natural, Financeiro, Social, etc., dependendo do contexto em que queremos encontrar esse capital. Por exemplo, numa empresa, temos vários tipos de capital.

Com alegria, tenho constatado que os nossos dirigentes em África estão cada vez mais preocupados com esta questão do Capital Humano. Já temos a nossa União Africana (UA), que deverá liderar esta esperada e necessária onda de formação continental acerca do Capital Humano. A antiga OUA – Organização da Unidade Africana – chamou a si, com sucesso, de forma concertada, a tarefa de libertar o nosso continente do colonialismo. A UA terá de liderar acções visando uma maior e melhor valorização do Capital Humano de África.

ANTÓNIO MATABELE *

*  Economista

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 26 de Julho de 2024, na rubrica de opinião denominada N’siripwiti – gato do mato.

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