Capital natural
“… porque o terrorismo também se combate, e, principalmente, com medidas económicas, saúdo as iniciativas que, neste âmbito, estão, pelo nosso governo, sendo concretizadas em Cabo Delgado, visando materializar a inclusão, de facto, dos nossos irmãos daquela província na co-gestão dos empreendimentos em curso naquela parcela do nosso país!”
“…a quantidade de automóveis nas estradas, avenidas e ruas moçambicanas, pertencentes a cidadãos nacionais, embora este indicador não seja aferidor bastante da melhoria da nossa qualidade de vida, pelo menos, serve para “calar a boca” aos mais cépticos que, de facto, alguma emancipação económica está a ocorrer, em Moçambique, desde 25 de Junho de 1975!”
“…entristece-me a postura de alguns dirigentes africanos, talvez, muito pobres de espírito, apenas, supostamente, preocupados com a sua riqueza pessoal, algumas vezes, ilegal e ilegítima, fingem esquecer-se de aprovar políticas económicas de inclusão, de facto, do Povo, porque esta lacuna de governação semeia descontentamento e onde este existe, parafraseando Santo Agostinho, Bispo de Hipona, reina a agitação!”
Para conseguirmos obter os melhores resultados possíveis num investimento temos de saber seleccionar os recursos humanos, financeiros e materiais que pretendemos utilizar no mesmo. O contrário é a improvisação, resultando, quase sempre, em ruidoso e ruinoso desastre.
Nesta selecção nunca nos deveremos esquecer também do capital natural, que é todo aquele rol de recursos que nos são, gratuitamente, prodigalizados pela mãe natureza: ar, água dos rios, do mar, dos lagos e do subsolo, a flora e fauna naturais, enfim, tudo aquilo que o homem encontra natural e espontaneamente no seu “habitat” e que directa ou indirectamente faz parte do meio ambiente.
O capital natural é um conceito que, sob a óptica dos custos de produção, erradamente, não se lhe atribui valor. O ideal é deixar de considerar os insumos integrantes no capital natural como activos gratuitos e passar a atribuir-se-lhes um valor ou preço, tratando-os como capitais onerosos, nos mesmos moldes como lidamos com os recursos financeiros, económicos e materiais.
Os nossos governos em África devem criar políticas conducentes à formulação de legislação visando a protecção deste capital natural, que é dos que mais está exposto às grandes externalidades negativas, quando fazemos investimentos.
Neste contexto, os projectos de investimentos deverão criar condições no sentido de ensinar às comunidades locais a protegerem o seu capital natural contra a poluição, corte de madeira, caça furtiva, pesca desregrada, etc., aspectos estes nocivos conducentes à extinção das espécies, desflorestação e outros tipos de degradação ambiental com sérias consequências negativas irreversíveis para toda a comunidade vivente na zona aonde o projecto está sendo implementado.
As escolas deverão passar a ter material genético (plantas e animais de pequena espécie) para que as crianças comecem, em tenra idade, a criar o gosto pela flora e fauna, como forma de evitar o desmatamento e as queimadas descontroladas. Estariam elas, a partir dessa altura, com o seu voluntarismo pueril e munidas de mais informação, a construir um planeta melhor.
O Homem, este ser animado de vida, é o elemento mais rico do capital natural existente em toda a terra e que é preciso preservá-lo nesta nossa incessante preocupação de, por seu intermédio, lograrmos atingir o nosso crescimento material conducente ao desenvolvimento das sociedades humanas.
*Economista
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 18 de Outubro de 2024, na rubrica de opinião denominada N’siripwiti – gato do mato.
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Revista Prestígio de Setembro/Outubro de 2024
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