Carta Aberta aos Militares Moçambicanos
Caros membros das Forças Armadas de Moçambique,
Dirijo-me a vós como um cidadão profundamente comprometido com o bem-estar e o futuro da nossa nação. Este apelo não é apenas uma súplica, mas um chamado à consciência nacionalista que deve guiar a actuação de todo militar: o dever sagrado de proteger e servir o povo.
Vocês, guardiões da soberania nacional, ocupam um lugar de honra na nossa sociedade. A farda que vestem e as armas que carregam não representam apenas força, mas a promessa de justiça, segurança e dignidade para todos os moçambicanos. Contudo, vivemos tempos em que essa promessa parece cada vez mais distante.
A história nos ensina que o verdadeiro patriotismo não se encontra apenas nos campos de batalha, mas também na capacidade de se posicionar ao lado do povo nos momentos mais difíceis. Ser militar é, antes de tudo, ser uma reserva moral armada. É ser o abrigo social quando as estruturas civis falham, é estar do lado certo da história quando o Estado se desvia do seu propósito original de servir ao bem comum.
Hoje, muitos dos nossos compatriotas enfrentam opressão, fome, desemprego e falta de liberdade. A polícia, em vez de ser protectora da ordem pública, frequentemente se transforma em instrumento de repressão e intimidação contra aqueles que ousam expressar suas vozes. Este quadro não pode continuar.
Convoco-vos, militares de Moçambique, a lembrarem que o vosso juramento de proteger a pátria inclui, sobretudo, proteger o povo. Que nenhuma força externa ou interna, por mais poderosa que seja, vos desvie desse propósito. Lutem pelos interesses do povo, que clama por dignidade, justiça e liberdade.
Quando forças policiais se tornam agentes de opressão, cabe aos militares, como última linha de defesa da nação, agir de forma estratégica e ética para neutralizar esses abusos. Isso não significa promover violência, mas sim agir com inteligência e firmeza para garantir que a autoridade estatal não seja usada contra o povo. Apoiem o povo com presença, solidariedade e protecção.
Sejam o espelho de uma Moçambique que queremos ver: uma nação de inclusão, respeito e progresso. Não se deixem corromper por interesses individuais ou partidários. Sejam a consciência viva de que a pátria está acima de qualquer governo, de qualquer partido e de qualquer ideologia.
Convido-vos a recordar que, assim como o povo deposita em vós a sua confiança, também espera que sejam os guardiões do seu futuro. Que cada acção vossa reflicta o compromisso com os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade que devem nortear o destino de nossa nação.
Com esta carta, não lhes peço nada além do que já juraram: a defesa incondicional da pátria e do povo moçambicano. Que possamos contar convosco como verdadeiros protectores, como escudos da nossa liberdade e esperança.
Por um Moçambique livre, justo e digno.
Com respeito e patriotismo,
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
(Cidadão Moçambicano)