Confinamento: impactos

Confinamento obrigatório de 21 dias decretado pelo governo sul-africano e em vigor desde 27 de Março e renovado por mais duas semanas na quinta-feira passada tem vários impactos na África do Sul.

De acordo com o Director Provincial da Educação de Gauteng, Panyaza Lesufi, desde o início do confinamento obrigatório 55 escolas primárias e secundárias foram assaltadas por criminosos na província sul-africana mais rica, da qual fazem parte das cidades de Pretória, sede do Governo, e Joanesburgo.

Panyaza disse que equipamentos valiosos e produtos de nutrição das crianças foram subtraídos.

Para o Director Provincial, os criminosos não estão preocupados com o futuro das crianças e reiterou o apelo para a protecção das escolas, encorajando a comunidade a reportar actividades criminosas à Polícia.

Na província do Cabo Ocidental, governada pela Aliança Democrática, maior partido da oposição, foram registados 16 assaltos e pilhadas lojas de venda de bebidas alcoólicas.

Durante a sua visita sábado, o Ministro da Polícia, general Bheki Cele, elogiou os agentes da lei e ordem que conseguiram deter 21 suspeitos assaltantes, dos quais quatro alegadamente ligados a assaltos numa loja de bebidas do supermercado de Shoprite no bairro Langa, na Cidade do Cabo.

Entretanto, o Ministro manifestou-se preocupado com o envolvimento de agentes da Polícia em alguns crimes registados em lojas de bebidas durante o confinamento.

Em Potchefstroom, província do North West ou Noroeste, sete pessoas vão comparecer nesta terça-feira no tribunal judicial para responder a acusações de roubo de gado, incluindo mais de 20 ovelhas em diversas farmas.

Num outro incidente separado, três pessoas foram detidas depois da Polícia ter sido alertada da existência de pessoas que estavam a matar ovelha num descampado.

Quando a Polícia chegou ao local, os indivíduos fugiram, mas foram detidos.

No processo de investigação, 28 ovelhas foram recuperadas de um total de 40 animais que tinham sido reportados como roubados.

Reformas urgentes

Entretanto, o Instituto de Relações de Raças apela para reformas urgentes na economia sul-africana antes da iminente catástrofe provocada pelas medidas de contenção de COVID-19.

Citando o Banco de Reserva, o Instituto diz que com os 21 dias de confinamento obrigatório ora renovado pelo menos 370 mil pessoas correm o risco de perder postos de emprego e extinção de 1.600 empresas.

Para o Instituto, o governo deve tomar acções urgentes de mitigação do devastador impacto económico de coronavírus.

Segundo o Instituto, o anúncio pelos Estados Unidos da América de que 6.6 milhões de pessoas ficaram desempregadas com o COVID-19 deve servir de aviso para a África do Sul que entrou na pandemia em condições económicas piores.

O Instituto sugeriu que o governo deve desfazer-se do princípio de serviços essenciais e permitir que qualquer negócio possa operar, reformar o mercado laboral, cortar despesas supérfluas para capacitar o estado a ajudar as empresas a sobreviver.

Numa definição mais alargada, o desemprego na África do Sul ronda os 40 por cento, ou seja, quatro em cada 10 sul-africanos não têm emprego formal.

Entretanto, as zonas de cimento das cidades de Joanesburgo e Pretória estão limpas de vendedores informais proibidos de fazer negócio no âmbito das medidas de contenção de COVID-19.

Com mais de 2000 casos positivos e 25 óbitos, números reportados sábado, a África do Sul é o pais mais infectado pelo coronavírus na região da África Austral. 

THANGANI WA TIYANI, correspondente na África do Sul

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