Coragem

Coragem : é o que um certo governador provincial, por sinal de uma província cuja capital há muito entrou na fase de transmissão comunitário do coronavirus, pediu, esta semana, aos pais e encarregados de educação, a ter, por forma a encontrar forças e moral para empurrar os respectivos filhos e educandos a avançar para as escolas já no próximo dia 27 deste Julho, conforme deliberação ao mais alto nível.

O dito governador insistiu na necessidade desta coragem mesmo depois de ouvir lamúrias e clamores de quem está no terreno, designadamente pais, encarregados de educação e gestores das escolas visadas, a dizer que as mesmas não reúnem condições para acolher, com segurança mínima recomendada por estas alturas, os alunos nesses recintos.

Mesmo assim, o douto governador insistiu na necessidade de coragem.

Não bastaram, para amainar os apelos à coragem do meritíssimo governador, os detalhes dos membros dos conselhos de escola dessa província, por sinal a mais populosa de Moçambique, dando, inclusive, exemplos, como o de uma escola com mais de 800 estudantes da 12ª que “nunca teve água canalizada, mito menos um furo”, para argumentar sobre os receios em precipitar as crianças para cenas de aglomerados que podem ser simplesmente evitadas.

Nem os reiterados clamores e evidências exibidas, no encontro, por um presidente do conselho da maior e mais antiga escola da capital provincial dessa divisão territorial fizeram o aludido governador a abandonar os seus apelos à coragem dos pais e encarregados de educação para permitir que os respectivos filhos e educandos se reparem para entrar neste que é, mas que poucos preferem admitir, um verdadeiro teste com as crianças do “povão”, uma aventura que nem aos adultos é permitido.

Impressionante para quem nada ganha com esta corrida é assistir a este empenhamento em marcha na pátria amada, avançando impetuosamente, pasta a pasta, preparando as crianças para um cenário simplesmente incógnito numa altura em que os que já experimentaram souberam do sabor do “veneno” e estão a recuar depois de ver os números de infecções a se multiplicar exponencialmente, após reabrirem as escolas.

Recuar nunca foi sinal de fraqueza, mas de perspicácia!

Apenas os suicidas não recuam, mesmo vendo o sinal de perigo e saber dos exemplos de fracassos em investidas similares anteriores.

REFINALDO CHILENGUE

PS: Inteligentemente o Presidente da República recuou, aliás –  como defendemos neste texto -, no seu discurso à nação na noite de quinta-feira, sobre a decisão do reinício das aulas presenciais no dia 27 deste julho. Aplaudimos ruidosamente!!! Sensata decisão.

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 17 de Julho de 2020, na rubrica semanal TIKU 15

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