Corpo achado na Matola

Corpo achado na Matola – Os restos mortais de um idoso achados na semana passada (29 de Março deste 2022) nada têm a ver com alegadas guerras de gangues rivais associadas a raptos em Moçambique, conforme noticiou dois dias depois da descoberta uma publicação portuguesa e citada pelo Redactor no dia seguinte (01 de Abril corrente).

Efectivamente, a publicação África Monitor Intelligence, editada em Portugal, associava aquela ocorrência ao “cidadão moçambicano – dono do restaurante-bar Lusitano, situado na Matola”.

Na verdade, o corpo achado na zona das salinas da Matola pertence ao nacional Milembo Facitela, mais conhecido por Julião, de 72 anos de idade, natural de Inhambane, e há muitos anos radicado em Maputo, onde em tempos empreendeu nos ramos da fotografia e serigrafia.

Ilda Facitela, viúva do malogrado, esclareceu o jornal Redactor que há muito tempo que o marido era enfermo, tendo, inclusive, passado por uma operação cirúrgica à hérnia.

Segundo a mulher, Milembo perdeu a vida enquanto aguardava uma segunda intervenção médica.

A nossa fonte acrescentou que Milembo Facitela, residente na Matola, estava a recuperar de uma grave crise de AVC (Acidente Vascular Cerebral), popularmente conhecido como derrame, e nos últimos dias já conseguia se locomover, depois de um longo período sem se levantar da cama e com profundas falhas de memória.

“Nas últimas semanas [Milembo Facitela] conseguia caminhar um pouco aqui no quintal. Animado com as melhorias, pediu para passar a fazer caminhadas em torno do quarteirão e nós anuímos, o ajudávamos e o acompanhávamos”, prosseguiu Ilda.

Ela referiu que no dia 28 de Março se ausentou da casa e o marido ficou com uma sobrinha.

Foi nesse entretanto que Milembo Facitela disse à moça que ia fazer a habitual caminhada em torno do quarteirão. Afinal essa seria a última vez que o faria, porque nunca mais voltou aos seus aposentos.

Assustados com o passar do tempo sem o regresso do Milembo Facitela, foram desencadeadas diligências para a sua localização por parte da esposa, filhos e alguns familiares, incluindo passagens por hospitais, postos policiais, esquadras, morgues e campanhas de pedido de ajuda nas redes sociais.

Ainda houve quem na própria terça-feira ligasse à Ilda Facitela alegando ter avistado o homem procurado algures no centro da cidade de Maputo, capital de Moçambique.

A informação que a família não queria receber chegou por via das redes sociais: vídeos e fotos de um homem estatelado na zona das salinas da Matola circulavam nas redes sociais e rapidamente chegaram aos olhos da senhora Ilda Facitela, que não teve dúvidas de que se tratava do seu marido.

“Não precisei de olhar duas vezes para as imagens. Nos últimos anos eu é que comprava toda a roupa dele, incluindo a interior, porque já era incapaz de fazer opções seja do que fosse”, referiu Ilda Facitela que, comovido, recordou que “momentos haviam em que nem a mim, nem aos filhos reconhecia. Como é que uma pessoa dessas pode estar ligada a gangues rivais associadas a raptos? ”

A uma pergunta do Redactor, sob o olhar atento de um dos filhos, Arsênio, Ilda Facitela, disse que o corpo do falecido não apresentava sinais de violência, mas disse aguardar pelo conteúdo da autópsia que a família ainda não teve acesso.

A viúva disse não encontrar motivos nem suspeitos para e/ou envolvidos na morte do Milembo.

Ilda Facitela afasta a hipótese de o marido ter morrido afogado “porque os documentos que levava no bolso não aparentam ter ficado molhados”, para além de ter recebido “vídeos que mostram os ‘bombeiros’ [agentes do corpo de salvação pública] a fazer manobras tentaram reanimar” a vítima no local onde foi encontrada – aproximadamente oito quilómetros da sua residência. (Corpo achado na Matola)

Redactor

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