Cortar Internet também é incitar a violência

A decisão do governo de Moçambique de cortar o acesso à Internet como forma de suprimir a comunicação entre manifestantes é profundamente antidemocrática e configura uma violação grave aos direitos fundamentais. 

Ao cercear o acesso à Internet, o governo age directamente contra o direito à liberdade de expressão, ao acesso à informação e à livre associação — pilares essenciais de qualquer democracia saudável.

Em uma era onde a Internet se consolidou como o principal meio de comunicação e organização cívica, especialmente entre os jovens, o corte não é apenas uma tentativa de silenciar vozes dissidentes, mas também um incentivo indirecto à violência. 

Quando o Estado fecha as vias pacíficas de diálogo e expressão, ele acaba por fomentar um ambiente onde as tensões sociais são intensificadas e soluções não-pacíficas começam a parecer as únicas alternativas. O efeito desse acto, em vez de garantir a segurança e estabilidade, pode ser justamente o contrário: gera um ciclo de descontentamento e revolta.

Além disso, a estratégia de limitar o acesso à Internet levanta uma questão importante sobre a responsabilidade do Estado em proteger e promover os direitos humanos, não em restringi-los. Este acto compromete não só a imagem do governo, mas também afecta a credibilidade de Moçambique como uma nação que defende a liberdade e os direitos dos seus cidadãos. 

Em uma sociedade democrática, o governo deve estar ao serviço do povo, buscando soluções inclusivas e respeitando os direitos civis, e não impondo medidas repressivas que alienam e intimidam a população.

Por fim, é fundamental que as lideranças reconheçam o valor das redes sociais e da Internet como canais de participação e engajamento cívico. Em vez de temê-los, devem ser incentivados, pois representam a voz activa e o pensamento crítico dos cidadãos. Deixem a Internet à disposição dos moçambicanos!

Quem limita o uso da Internet não difere de quem aperta no gatilho e mata um inocente. 

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

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