Covid-19 trama talk show
A pandemia de coronavírus trama tudo e todos.
Os líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) deviam juntar-se na cidade de Maputo no próximo dia 17 do corrente mês para mais um talk show em forma de cimeira que tem servido como simples encontro de amigos para comer camarão, abraçarem-se e rirem-se dos mais de 220 milhões de habitantes da região dominados pela pobreza extrema, falta de infraestruturas económicas e sociais. A COVID-19 tramou-lhes.
Entretanto, o avanço das tecnologias de informação e comunicação tem facilitado pelo menos o talk show.
É a primeira vez que uma cimeira da SADC decorre em formato virtual desde a criação da organização regional há 40 anos.
Oficiais superiores (embaixadores) estão reunidos na capital de Moçambique desde segunda-feira a prepararem documentos a serem submetidos ao conselho de ministros da organização que por sua vez vai preparar a agenda e documentos para chefes de estado e de governo da organização económica regional.
A espectativa é mínima, porque a SADC fez pouco ou quase nada durante quatro décadas da sua existência na frente económica.
A organização não conseguiu reduzir o elevado índice da pobreza que afecta a maioria da população dos países da região.
A SADC continua a ser um grupo da elite política governante.
Um dos objectivos da sua criação era a necessidade da redução da dependência económica dos países da região em relação à poderosa vizinha África do Sul então sob regime do apartheid.
No entanto, passados 40 anos, a dependência mantem-se.
Muitos jovens dos países da região emigram ilegalmente para a África do Sul à procura de melhores oportunidades económicas que não têm nos seus países. Nas últimas duas semanas, mais de uma centena de jovens malawianos entraram ilegalmente em Moçambique fugindo da África do Sul a caminho do seu país, por causa do confinamento imposto pelo coronavírus.
Moçambicanos também regressam clandestinamente à casa fugindo da fome na sequência das medidas de prevenção de COVID-19.
O Zimbabwe continua em derrapagem económica, com o governo sem solução à vista e a passar tempo a perseguir seus críticos, particularmente membros da oposição.
O jovem líder sul-africano do partido dos Combatentes pela Liberdade Económica, EFF, Julius Malema, diz que a SADC é um grupo de líderes que se protegem mutuamente. É um clube de homens que não se repreendem. Não protegem os interesses dos seus povos. São incapazes de dizer que você está errado aqui ou ali e o que deve ser feito para corrigir os erros de governação.
Para Malema, a juventude deve pegar a política seriamente porque tem deixado tudo nas mãos dos líderes incapazes de resolver problemas dos povos da região.
O sentimento de Malema é partilhado pela maioria da população da região que desconhece benefícios tangíveis da organização cujos líderes juntam-se uma vez por ano para talk show.
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 12 de Agosto de 2020, na rubrica semanal O RANCOR DO POBRE
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