Crise na educação em África
Crise na educação – Os países africanos, dos quais a minha aldeia faz parte, estão numa encruzilhada. Depois da conclusão do processo das independências, líderes africanos, de uma forma geral, embarcaram numa guerra sem quartel de promoção de educação escolar das populações.
As taxas de analfabetismo herdado do colonialismo foram reduzidas. Muitos africanos foram formados nos seus respectivos países por professores treinados no tempo colonial e outros ainda foram formados nas antigas metrópoles e/ou nos países amigos, como Cuba, União Soviética ou bloco de Leste Europeu em geral. Uns regressaram aos seus países de origem, mas outros ficaram por lá.
Entretanto, a partir da década de 1990 ou meados, a qualidade de educação começou a baixar vertiginosamente em quase todos os países africanos. Professores treinados ou formados no tempo colonial estavam de saída para aposentação.
Numa conversa em forma de entrevista, a então Ministra da Educação e Cultura de Moçambique, Graça Machel, disse que havia consciência de que a massificação da educação para todos sem recursos humanos e materiais suficientes iria afectar a qualidade, mas não se podia parar. Este foi o caso de Moçambique e de Angola. Mas na África Austral, o Zimbabwe independente em Abril de 1980 estava bem com o governo de Robert Gabriel Mugabe.
A educação nas escolas zimbabueanas era de melhor qualidade.
Na África do Sul, então governada pelo regime do apartheid, havia sistema separado de educação: escolas para brancos tinham melhor qualidade em relação às escolas para negros.
Depois da queda do apartheid em 1994, o Governo sul-africano fundiu as escolas. A qualidade diluiu-se e ficou fraca.
Universidades públicas foram assaltadas pela politiquice.
Entretanto, em Moçambique, Angola e em alguns outros países africanos, à medida que o tempo ia passando, a corrupção ocupava progressivamente as vagas de professores qualificados que passavam para aposentação agravando a deterioração da educação de qualidade nas escolas públicas.
Conscientes da situação, elites políticas e económicas africanas reintroduziram escolas privadas onde tinham sido abolidas transformando a educação numa mercadoria lucrativa
O ensino público ficou para filhos ou crianças de pobres para preencher estatísticas de metas internacionais.
Certificados de habilitações escolares são produzidos em internet cafés em troca de dinheiro, menos de conhecimento.
Alunos chegam ao nível médio de ensino sem saber ler ou fazer simples contas aritméticas. O mercado quer técnicos qualificados.
Dirigentes desdobram-se em justificações políticas para legitimarem a mediocridade produzida nas escolas públicas.
Muitos países sem recursos naturais ou minerais abundantes conseguiram sair da banda da pobreza através de educação escolar de qualidade. Os seus filhos dominam a ciência e fazem maravilhas.
África, da qual a minha aldeia faz parte, está numa encruzilhada, com exércitos de diplomados sem conhecimento e desempregados. (Crise na educação)
THANGANI WA TIYANI
Este artigo foi intitulado “Crise na educação escolar em África”, foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 05 de Janeiro de 2022, na rubrica de opinião denominado O RANCOR DO POBRE
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