CTA entusiasmada
CTA entusiasmada – A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), maior organização empresarial do país, considera que a reconquista de áreas ocupadas pelos grupos armados em Cabo Delgado abre “perspectivas positivas” para as empresas e economia do país.
“As perspectivas positivas do sector privado têm alicerce, essencialmente, no retorno das actividades empresariais e dos projectos ora suspensos devido aos ataques terroristas, com realce para o projecto da Total Energy”, refere a CTA, em comunicado enviado ao jornal Redactor.
Aquela organização assume que a vitória sobre os grupos armados que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, vai resultar no reatamento do projecto de gás da multinacional francesa Total Energy – o maior investimento privado em África – e na reactivação de contratos com empresas moçambicanas que prestam bens e serviços ao empreendimento.
A CTA assinala que a retoma do projecto poderá constituir um alívio para as pequenas e médias empresas que forneciam bens e serviços ao empreendimento petrolífero.
“De igual forma, esta situação poderá propiciar a estabilidade social decorrente do retorno da população que se encontra refugiada mitigando, deste modo, o drama humanitário que se vive”, avança o comunicado.
Devido à suspensão das actividades da Total Energy, na sequência do ataque terrorista do dia 24 de Março do presente ano, ao distrito de Palma, várias empresas foram significativamente afectadas, sobretudo aquelas que se encontravam envolvidas directa ou indirectamente neste projecto, observa aquela organização dos patrões de Moçambique.
A CTA cita um estudo por si realizado que apontou que cerca de 288 empresas suspenderam as suas actividades nos distritos de Mocímboa da Praia e Palma, afectando um total de 23 mil postos de trabalho.
O levantamento apurou que a paralisação do projecto da Total Energy resultou na suspensão do fornecimento de mercadorias no valor de 35 milhões de dólares norte-americanos.
Na terça-feira, o comandante do Exército moçambicano, Cristóvão Chume, disse que a força conjunta Moçambique e Ruanda que reconquistou, no domingo, a sede de Mocímboa da Praia, desdobra-se em “missões de limpeza” em todo o distrito.
“Neste momento, decorrem missões de defesa em toda a área de Mocímboa da Praia”, disse Chume, em declarações à comunicação social a partir da sede daquele distrito costeiro, no Norte de Cabo Delgado.
A vila costeira de Mocímboa da Praia, por muitos apontada como a “base” dos insurgentes e onde os ataques começaram em Outubro de 2017, é uma das principais do Norte da província de Cabo Delgado, situada 70 quilómetros a Sul da área de construção do projecto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.
A vila tinha sido invadida e ocupada por rebeldes em 23 de Março do ano passado, numa acção depois reivindicada pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, e foi, em 27 e 28 de Junho daquele ano, palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes, o que levou à fuga de parte considerável da população.
A reconquista da vila pelas forças conjuntas de Moçambique e Ruanda ocorreu por volta das 11:00 de domingo, após semanas de operações militares, com as forças ruandesas a estimarem, a partir de Kigali, baixas de, pelo menos, 70 pessoas entre os insurgentes.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Na sequência dos ataques, há mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas. (CTA entusiasmada)
Redactor