CTA furiosa com BM
O presidente da CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Rogério Manuel, criticou hoje em Maputo a decisão do Banco de Moçambique (BM) de liquidar o “Nosso Banco”, defendendo a intervenção que fez no Moza.
“O Banco de Moçambique devia ter ajudado o ‘Nosso Banco’. Não sei porque não fez a intervenção que fez [no Moza Banco] no ‘Nosso Banco’”, afirmou Rogério Manuel, em declarações aos jornalistas, no final de um encontro com representes da Associação Moçambicana de Bancos, numa alusão à diferença de tratamento do BM em relação às duas instituições, em que uma foi liquidada e a outra intervencionada para efeitos de venda.
O presidente da CTA censurou a actuação do BM no caso do “Nosso Banco”, assinalando que a instituição foi licenciada pelo banco central.
“Isso de dizer que eram só 900 empresas e poucos clientes não quer dizer que deixa de ser um banco licenciado por eles”, acrescentou Rogério Manuel, referindo-se à argumentação do BM de que a entidade financeira possuía poucos depositantes e tinha um peso quase irrelevante na média de activos do sistema bancário.
O presidente da CTA adiantou que não está tranquilo com a posição do BM, que declarou na semana passada que o sistema financeiro do país está sólido.
O BM determinou a 11 de Novembro a liquidação do “Nosso Banco”, lançando uma vaga de incerteza sobre o sector bancário, depois de, no final de Setembro, ter ordenado a suspensão do Conselho de Administração e Comissão Executiva do Moza, participado pelo português Novo Banco, para “proteger os interesses dos depositantes”.
O Fundo de Garantia de Depósitos prevê o reembolso de apenas 20 mil meticais para os depositantes particulares e nada para as empresas.
Na sexta-feira, o BM anunciou que o Moza Banco deverá ter uma assembleia-geral no início de Dezembro para decidir se será recapitalizado ou vendido, havendo já interessados.
“Já existem interessados, algumas pessoas manifestaram interesse, mas neste momento o que nos interessa é calcular a situação do banco”, disse Joana Matsombe, administradora do Banco de Moçambique, em conferência de imprensa.
Ainda na sexta-feira, o BM disse que não há motivo para pânico após a liquidação do “Nosso Banco” e apelou aos moçambicanos para que tenham confiança no sistema bancário, porque está sólido.
“Não há razão para pânico, porque o sistema bancário está estável, sólido e goza de boa saúde”, afirmou Joana Matsombe, administradora do BM, em conferência de imprensa destinada a afastar rumores de novas falências iminentes.
Segundo Joana Matsombe, o sistema “está bem capitalizado, tem liquidez para satisfazer as necessidades do mercado” e os bancos são bem geridos e mantêm boas carteiras de crédito.
A administradora do BM referiu que os rácios de solvabilidade do conjunto de bancos moçambicanos que andam a circular nas redes sociais não têm nada a ver com a realidade e que o sistema bancário mantém uma média superior a 14%, muito acima dos 8% exigíveis.
“Com esta agitação toda, não é correto as pessoas tirarem o dinheiro dos bancos. Vão por onde? Debaixo dos colchões?”, questionou a administradora do BM, acrescentando que o dinheiro fica ainda mais inseguro, porque pode ser roubado, além de contribuir para a queda de outros bancos.
REDACÇÃO