Da FRELIMO ao Frelimo

Da FRELIMO ao Frelimo – Pertenço à geração que testemunhou, na adolescência, ao desembarque dos primeiros guerrilheiros da FRELIMO em Lourenço Marques, hoje Maputo. Vivia, tal como hoje, no Chamanculo, onde nasci e me orgulho de aqui permanecer.

Até ao fim do primeiro semestre de 1974, entre as famas negativas que cobriam Lourenço Marques eram a criminalidade (udjambana), protagonizada pelos tristemente célebres mabandido e a prostituição (ungwavana).

Me recordo que estes dois males, a par do consumo de drogas, jogos de batota, entre outros, desapareceram como que magicamente, pelos menos na sua forma ostensiva, logo após a entrada em actividade do Governo de Transição.

Passou a ser tabu falar de mabandido, ungwavana e arrepiava ouvir as palavras “droga”, “curandeiro”, “feiticeiro” e por aí fora, porque o autor dos pronunciamentos teria de evidencias às “estruturas” onde estão essas coisas ou protagonistas/utentes dessas práticas.

Depois da independência, então, nem mais digo. Era um sossego total, pelo menos aparentemente. Todos sabíamos quem era quem no bairro. A FRELIMO, partido/Estado/Governo se fazia respeitar ou temer. Não havia brincadeiras de mau gosto.

Machel, o Samora Moisés Malengane, primeiro Presidente da República Popular de Moçambique, morreu, e a Economia de Mercado e os seus benefícios e malefícios entraram em vigor. Mais tarde foi a vez da Democracia, também com os seus benefícios e malefícios.

Hoje em dia já há mabandido, prostitutas (tingwavana), drogados, etc. etc., em qualquer esquina de Moçambique, talvez porque depois de 1994 os sucessivos governos deixaram de ser dirigidos pela FRELIMO e passarem a ser liderados pelo (partido) Frelimo.

Eu sei destrinçar a FREIMO – Frente de Libertação de Moçambique -, do partido Frelimo. A mim ninguém engana. A FRELIMO era uma coisa, o Frelimo é outra.

Com a polícia da FRELIMO quase nada ficava por esclarecer. O povo tinha fé nela. Não havia “Nós” e “Eles. Éramos um só povo, uma só Nação, do Rovuma ao Maputo.

Mas, com a polícia dos governos do (partido) Frelimo, a maior parte dos casos esclarecidos ou são os que afectam “gente com apelido” ou a vítima vai com excesso de sorte.

Não é que haja incompetência no seio da PRM, hoje, muito pelo contrário, mas parece haver algo errado no sistema.

Digo isso porque a mesma Polícia de hoje facilmente esclarece casos, mesmo os aparentemente “bicudos”, desde que o lesado seja alguém com apelido, com poder financeiro/político ou sorte a mais.

Esta quinta-feira (20 de Junho19), passou um ano após o primeiro (dos dois em apenas seis meses) arrombamento e furto extraordinariamente cirúrgico, nas instalações da SOJORNAL, empresa dona do jornal Correio da manhã e da revista Prestígio.

Depois da primeira ocorrência, fomos fazer a denúncia devida. Apareceram elementos da PRM e do SERNIC para a competente recolha de dados/informações e peritagem.

Os agentes do SERNIC foram peremptórios e nos disseram que pelos elementos recolhidos, era uma “questão de horas” para desvendar/identificar os autores do crime.

Mas, espantosamente, até hoje nicles, depois daqueles vaivéns para as duas esquadras que supostamente estavam incumbidos de “investigar” o caso. Este período foi “apimentado” pelo segundo episódio (furto, igualmente muito selectivo, como no primeiro) que, com a experiência do primeiro, apenas fomos reportar o sucedido às autoridades, sem “aquele afinco”.

Havíamos aprendido, em bem, o alcance das afirmações da PRM quando diz que “estamos a trabalhar”.

Tenho saudades fundadas dos tempos da FRELIMO, mas já não posso dizer o mesmo em relação à governação do Frelimo, muito pelo contrário.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 21 de Junho de 2019, na rubrica semanal denominada TIKU 15 !

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